Com mudança na estratégia do PT, para onde vai Coser nas eleições de 2022? E quem tentará fazer companhia a Helder na Câmara?
O retorno do ex-presidente Lula ao cenário eleitoral já começa a imprimir uma estratégia para 2022 inversa à do último pleito municipal. Em nome da prioridade de garantir alianças em torno de uma candidatura presidencial de oposição a Jair Bolsonaro, a determinação é de que os estados pisem no freio em relação aos palanques majoritários, como mostrou o jornal O Globo. A exceção caberá somente às regiões onde os petistas sejam considerados de fato favoritos ao governo e ao Senado, ou, no mínimo, tenham chances reais de competitividade. No Espírito Santo, a decisão, comunicada recentemente aos dirigentes partidários, tira de campo a movimentação que pretendia, a todo custo, apresentar chapa ao Palácio Anchieta, tendo Lula como principal cabo eleitoral e puxador de votos. Nessa meta, chegaram a ser levantados os nomes da professora Célia Tavares, que foi para o segundo turno em Cariacica em 2020, e até do ex-prefeito de Colatina, Genivaldo Lievore, que teve desempenho fraco no município que é sua base eleitoral. A perspectiva também levanta questionamentos sobre o futuro do ex-prefeito João Coser, que tentou voltar à gestão municipal da Capital, sem êxito: a ele será reservado o Senado, que tem outros atores em movimentações, ou a Câmara Federal? Além de uma frente de centro-esquerda contra Bolsonaro, o ex-presidente Lula tem defendido chapa ampla à Câmara, para garantir recursos dos fundos partidários e tempo de TV. E, aí, mais uma pergunta: com apenas um deputado federal hoje, quem o PT capixaba irá escalar para tentar fazer companhia a Helder Salomão? O tabuleiro partidário já começa a ser desenhado.
Urnas
Em 2018, Helder foi reeleito com 73,3 mil votos. Coser também disputou uma cadeira, mas ficou pra trás, com 37,8 mil.
PSB
Lula, como observado no último mês, avança em conversas com o PSB Nacional, partido do governador Renato Casagrande. A costura é que vai ditar as regras por aqui.
Empenhado
Outra investida forte do PT é no senador Fabiano Contarato, para que se filie ao partido. A saída da Rede já é dada como certa, mas junto com os petistas, outras legendas correm atrás dele. A filiação “encorpa” o partido no Senado. No próximo ano, única vaga a ser aberta é a de Rose de Freitas (MDB).
À míngua
Qualquer que seja o desfecho, porém, deixará a Rede em situação ainda mais complicada no Estado. Contarato é o principal quadro da legenda. O outro é Audifax Barcelos, que está na planície após encerrar o mandato de prefeito da Serra.
Estadual
De volta ao cenário local do PT, na Assembleia, o partido, assim como na Câmara dos Deputados, também só tem uma cadeira, de Iriny Lopes, que, tudo indica, buscará a reeleição. Outros postulantes certamente surgirão no esforço de aumentar a bancada.
Não recuperou
Na disputa municipal de 2020, o PT tinha como meta, ao contrário do plano atual, lançar o maior número de candidatos nas cidades. Tanto para tentar refazer o caminho quanto para defender, como ressaltavam suas lideranças, o legado do ex-presidente, na época ainda inelegível. O resultado, em termos de cargos, porém, foi inexpressivo, e pela primeira vez o partido não conquistou nenhuma capital no País.
Não recuperou II
No Espírito Santo, as boias de salvação ficaram resumidas a Coser e Célia Tavares, que avançaram para o segundo turno, respectivamente, em Vitória, segunda principal vitrine política do Estado, e em Cariacica, outro importante município da região metropolitana. Mas a votação no segundo turno acabou menor do que a esperada durante a campanha.
Não recuperou III
Com alianças em apenas três palanques no primeiro turno, o partido não levou nenhuma prefeitura nos demais 14 municípios capixabas em que lançou chapa. No interior, em cidades-polo, como Cachoeiro de Itapemirim, o desempenho foi pífio: Joana D’ Ark, candidata do ex-prefeito Carlos Casteglione, obteve apenas 2,16% dos votos. Em Colatina, Lievore, ex-deputado e ex-vereador por quatro mandatos, ficou com 4,61%.
Perdas e ganhos
Já nas câmaras municipais, o PT reduziu mais da metade de tamanho em relação a 2016, que já era pequeno, mas, como já dito aqui, voltou ao legislativo de Vitória, com Karla Coser, manteve André Lopes em Cariacica, e elegeu lideranças importantes das lutas das comunidades tradicionais do Estado, com o indígena Vilson Jaguareté, o vereador mais votado de Aracruz, e a sem-terra Ciety, a segunda mais votada em São Mateus.
Nas redes
“Por que Bolsonaro tem tanto medo da CPI da Pandemia?”. Helder Salomão, deputado federal pelo PT
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