ES e mais 22 estados mantêm mais de 90% de ocupação nas UTIs. Estado registra 102 óbitos e 2,3 mil casos em 24h
A pandemia de Covid-19 caminha para manter-se grave durante o mês de abril, enquanto inicia a formação de um novo platô, desta vez, porém, com mais óbitos e casos graves da doença do que no primeiro pico, em meados de 2020.
A conclusão é do Observatório Covid-19 da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e consta no Boletim Extraordinário publicado nesta quarta-feira (14), com análise da Semana Epidemiológica (SE) nº 14, de 4 a 10 de abril.
Os dados mostram números recordes de óbitos (3.020/dia em média) e, por outro lado, estabilização de novos casos (70.200/dia em média), além da manutenção de índices altos de positividade dos testes e sobrecarga dos hospitais, principalmente observável pela ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que se mantém em níveis críticos.
“Esse padrão pode representar a desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números bastante mais elevados de casos graves e óbitos”, afirma o Boletim. A alta proporção de testes com resultados positivos revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país, ressaltam os pesquisadores. “Esse conjunto de indicadores mostra que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo de abril”, concluem.
O Observatório da Fiocruz ressalta também que as medidas de restrição de mobilidade e de algumas atividades econômicas, adotadas nas últimas semanas por diversas prefeituras e governos estaduais, estão produzindo êxitos localizados e podem resultar na redução dos casos graves da doença nas próximas semanas. No entanto, essas medidas ainda não tiveram impacto sobre o número de óbitos e no alívio das demandas hospitalares. “A flexibilização de medidas restritivas pode fazer retomar ritmos acelerados de transmissão e, portanto, de casos graves de Covid-19 nas próximas semanas”, alerta.
A taxa de letalidade, por sua vez, mostra a continuidade da tendência de aumento, tendo subido 3% em março e para 4,3% na última SE. O motivo, acreditam os pesquisadores, pode ser a falta de capacidade de se diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somada à sobrecarga dos hospitais, que têm dificultado o acesso de pacientes aos cuidados necessários e também possivelmente comprometido a qualidade do cuidado ofertado.
Já as taxas de ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) mantiveram-se predominantemente estáveis e muito elevadas, parecendo se consolidar lentamente a tendência de melhoria do quadro na Região Norte e em alguns estados como Maranhão, Paraíba, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Houve redução no Maranhão (78%), Pará (87% para 82%), Amapá (de 91% para 84%), Tocantins (de 95% para 90%), Paraíba (de 77% para 70%), São Paulo (de 91% para 86%) e Rio Grande do Sul (de 90% para 88%). O Espírito Santo continua em nível crítico, tendo registrado 93,8% nesta quarta-feira (14).
“Permanece a necessidade de que se empreendam esforços para controlar a disseminação da pandemia e preservar vidas. Nesse sentido, é prudente que os municípios, em especial os que compõem as regiões metropolitanas, adotem medidas convergentes e sinérgicas”, orientam os pesquisadores.
Destacando a necessidade de intensificar a vacinação da população, o Observatório Covid-19 expõe o quadro da vacinação por estado. Na média nacional, 30,2% das pessoas vacinadas completaram o esquema vacinal com duas doses e 69,8% só receberam a primeira dose do imunizante.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 92% dos imunizantes adquiridos já foram destinados aos municípios para aplicação. Apenas três estados (Tocantins, Rio Grande do Norte e Roraima) apresentam menos de 80% dos imunizantes já entregues aos municípios. O Espírito Santo aparece com distribuição de 98,9%.
Os pesquisadores salientam que o planejamento da imunização e o monitoramento da informação, assim como a busca ativa dos faltosos à segunda dose, constituem elementos estratégicos imprescindíveis para auxiliar esse processo, para alcançar a proteção pretendida e não perder os recursos já aplicados. “A Estratégia de Saúde da Família pode buscar apoio nas comunidades e junto aos coletivos e associações que atuem no território, para juntos empreenderem essa ação de cunho protetivo”, sublinham.
Painel Covid-19