Abril teve aumento de internações na faixa etária entre 18 e 64 anos e queda nas de pessoas com mais de 80
As internações hospitalares de pessoas com menos de 64 anos infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) aumentaram no Espírito Santo neste mês de abril, a exemplo do que ocorre em todo o país, mas em menor proporção do que verificado nos estados onde predomina a circulação comunitária da variante de Manaus (P1).
“Em outros estados, a proporção de jovens e adultos até 44 anos alcança 38%. No Espírito Santo, é de 15% a 16%. Em outros momentos, foi de 8% a 9%. Então é um crescimento importante, mas por conta das variantes que circulam no Espírito Santo. Temos ainda um comportamento relacionado à circulação da B133 e da B117, a variante inglesa. A circulação da variante P1 não é predominante, por isso a proporção de jovens não é a mesma de outros estados do Brasil”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (16) juntamente com o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
Dados coletados pelo Sistema Epimed e avaliados pela Sesa mostram que, ao comparar o mês de abril de 2021 com o período entre março e dezembro de 2020, houve aumento de 20% nas internações por Covid na faixa etária de 18 a 44 anos (de 10 pacientes/dia para 13) e aumento de 50% nas internações de pessoas com 45 a 64 anos (de 17 para 25 pacientes/dia).
Já entre as pessoas com mais de 80 anos, houve redução de 30% (de 9 para 6). O comportamento de crescimento nos dois primeiros grupos e redução no último foi verificado desde janeiro de 2021, tendo atingido maior diferença em abril.
A variante inglesa, ressaltou Nésio Fernandes, foi uma das causas da expansão mais acelerada da doença nesta terceira fase, quando “a carga de infectados assumiu proporções não vividas antes”.
No combate direto aos efeitos das variantes, a vacinação já tem surtido efeito entre os idosos, com redução de 33% nos óbitos hospitalares da população com mais de 80 anos, quando comparados os números da terceira expansão da doença (a partir de 1º de fevereiro) com os da segunda expansão (entre outubro de 2020 e janeiro de 2021).
No entanto, a queda generalizada e sustentada dos óbitos, avalia o secretário de Saúde, deve acontecer somente no mês de maio. “Abril será um mês de profundo luto para a sociedade capixaba, com mais de 400 óbitos por semana”, alertou. Em função dessa análise, o governo do Estado manterá a estratégia de ampliação da rede hospitalar até o mês de maio.
Sem fila para internação
Nésio Fernandes acrescentou que a quarentena também provocou uma queda sustentada no número de casos nas últimas duas semanas e que, nas próximas duas a três semanas, deve haver redução das internações, para, em seguida, ocorrer redução dos óbitos.
“Ainda vivemos um momento muito crítico, com muitos pacientes internados, e com ameaças sobrepostas no que diz respeito à oferta de medicamentos, que afeta principalmente a rede privada e filantrópica”, descreveu.
Em paralelo, o avanço da vacinação continua se mostrando a estratégia fundamental para reduzir a gravidade da pandemia, associada ao respeito aos protocolos de distanciamento, uso de máscara e higienização das mãos e superfícies.
“Imunidade de rebanho não é estratégia adequada, tampouco existe imunidade por exposição à doença com a temporalidade suficiente para preservar a população. Nos pacientes infectados pela Covid-19 em 2020, estudos apontam que uma infecção leve a moderada pode favorecer algum tipo de proteção a novas infecções por um período de apenas cinco a seis meses”, ressaltou. Por isso, “um alerta: sem vacinas suficientes, nós precisaremos conviver com novo estilo de vida e com possibilidade de períodos de restrição de atividades sociais e econômicas, seguidos de períodos de reabertura”.
Testagem
Ao longo desta fase aguda da pandemia, o governo do Estado também tem investido na testagem dos suspeitos, tendo distribuído 210 mil testes de captura de antígeno – com qualidade semelhante à dos testes PCR – aos municípios.
Os testes de antígeno permitem a leitura do resultado em 15 minutos e, em casos negativos de pessoas sintomáticas, a orientação é para a realização do PCR. E, enquanto o PCR não indica outro negativo, é preciso que os sintomáticos fiquem isolados e avisem seus familiares e outros contatos diretos também para a testagem. “Testagem será fundamental em abril e maio”, ressaltou o subsecretário Luiz Carlos Reblin.
Kit intubação
Os gestores da Sesa esclareceram que os hospitais estatais, geridos pela Secretaria, apresentam estabilidade no abastecimento de itens do chamado kit intubação. Mas a situação é mais instável nas redes filantrópica e privada, que têm adotado medidas judiciais para conseguirem receber os kits comprados, tendo recebido “todo o apoio possível por parte do governo do Estado”
“A crise não é dos hospitais, mas da indústria nacional”, ressaltou Nésio, que afirmou considerar “toda articulação e apoio pleiteada junto ao Ministério da Saúde” como legítima. “A crise é nacional. Dez medicamentos do kit intubação estão em falta ou em ponto crítico de abastecimento em 23 estados. Toda articulação é legítima pela dimensão da crise, que é nacional e tem a responsabilidade do Ministério da Saúde”.
A pasta federal “deve sim fazer compras internacionais e articulações com as indústrias”, salientou, informando que a Vale e outras empresas irão fazer uma doação de kits ao Ministério, para que sejam distribuídos aos estados.
Gás hospitalar
O gás hospitalar é outro item que merece atenção dos gestores em todos os níveis. No Espírito Santo, felizmente, “não há risco de crise”, afirmou o secretário. “Revitalizamos o parque para produzir e armazenar maiores quantidades. Todos os contratos de manutenção foram revistos e todas as demandas estão sendo supridas”, informou.
A Sesa, no entanto, alertou, em março, todos os prefeitos para que adotassem providências em relação à avaliação de suas próprias redes e que, nesta sexta-feira, foi feita uma orientação para que os municípios, principalmente os menores, priorizem a instalação ou ampliação de usinas próprias, pois as empresas podem ter dificuldade em abastecer os municípios menores num futuro próximo. “Os municípios precisam melhorar sua capacidade de produção e armazenamento de gás hospitalar”, reforçou.
Painel Covid-19