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Doze mulheres que fizeram e fazem a história do Espírito Santo

Primeira deputada estadual capixaba, Judith Castelo Leão é uma das homenageadas do projeto neste mês de maio

“As mulheres participaram na construção da história do Espírito Santo. O fato de não ouvirmos com frequência seus nomes, não lermos seus livros, não lembrarmos das suas lutas, mostra o quanto ainda estamos muito submetidos a um conhecimento androcêntrico. Mas não significa que suas existências sucumbiram na passividade, na conformação”, analisa a historiadora Lívia Rangel. Ela é a idealizadora do projeto “Diálogos no tempo: histórias de mulheres capixabas”, que entrelaça uma conversa com seis mulheres do presente com outras seis que fazem parte, como protagonistas, da história do Estado.

Durante o mês de maio, Lívia media, junto à socióloga Munah Malek, seis debates online no qual cada uma das convidadas, que se destacam em áreas como política, educação, ciências e artes, conduzem o debate a partir da trajetória marcante de outra mulher capixaba do passado, ajudando a desvendar e tecer relações, tensões e pontos de contato entre suas experiências. As transmissões serão às terças e quintas-feiras, a partir das 19h30, por meio do YouTube do Palco História.

O cronograma é o seguinte:

Enquanto isso, o Instagram do projeto divulgou de antemão um pouco da trajetória dessas mulheres, de quem você pode saber um pouco mais abaixo. Diga aí, quantas delas você já conhecia?

SEIS MULHERES HISTÓRICAS 

1 – Judith Leão Castello Ribeiro

Nascida no município da Serra, em agosto de 1898, Judith Leão Castello Ribeiro foi a primeira mulher eleita deputada estadual no Espírito Santo. Participou das campanhas pelo sufrágio feminino, sendo uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) no contexto capixaba, organização liderada por Bertha Lutz e que contava com filiais em várias regiões.

Apesar de defender os direitos das mulheres ao voto e seu acesso ao trabalho, acreditava que a mulher tinha um papel tradicional a cumprir na família. De formação religiosa católica, para Judith, a família era o pilar da moral na sociedade.

Sua eleição ocorreu em 1934, mas sua posse se daria apenas uma década depois, em 1947, devido à ditadura do Estado Novo. Na condição de parlamentar, defendeu projetos na área da educação e se dedicou a ações de cunho social. Sua carreira na política se estendeu por quatro mandatos consecutivos. Tão longa quanto, foi sua trajetória como educadora, que correu paralela à sua vida pública.

Formada normalista no tradicional Colégio do Carmo, foi professora no Ginásio São Vicente de Paulo e na também prestigiosa Escola Normal “Pedro II”, onde assumiu a cadeira de Ciências Pedagógicas.

Igualmente dedicou-se à escrita e à divulgação da cultura, sendo uma entusiasta da literatura e das artes. Colaborava periodicamente na imprensa, escrevendo artigos para jornais e revistas, como a “Vida Capichaba” e o “Diário da Manhã”. Fundou ao lado de outras personalidades a Academia Feminina Espírito-santense de Letras, sendo sua primeira presidente.

Antes de falecer, aos 83 anos de idade, no dia 23 de março de 1982, Judith Castello publicou seu primeiro livro, “Presença”, obra que reúne crônicas e textos autobiográficos da autora.

2 – Lídia Besouchet

Intelectual de destaque do seu tempo, Lídia Besouchet foi escritora, historiadora e ensaísta. Nasceu em Porto Alegre, em 23 de maio de 1908, porém migrou por várias cidades com sua família antes de fixar residência no ES. Aqui passou a maior parte de sua juventude e foi onde começou a publicar seus primeiros textos.

Terminou os estudos na Escola Normal “Pedro II” e nos anos seguintes participou de projetos vinculados à Pedagogia da Escola Nova, um movimento de renovação no ensino que pretendia integrar teoria e prática. Embora interessada na educação, afirmava ter inclinações para ser aprendiz mais que professora e acabou seguindo outros caminhos.

Sua transferência para a cidade do Rio de Janeiro, a partir de 1934, teve a ver com a busca por oportunidades na carreira de escritora e também com o aprofundamento das suas convicções políticas de esquerda. Lídia Besouchet foi militante filiada do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e participou ativamente da mobilização da Aliança Nacional Libertadora (ANL), ampla frente de oposição a Getúlio Vargas. Após seu companheiro, jornalista capixaba Newton Freitas, ser libertado ao fim de treze meses como preso político, o casal se uniu e deixou o país, que entrava na ditadura do Estado Novo.

Como exilados, viveram por 12 anos na Argentina. Mais da metade dos livros escritos por Lídia Besouchet foi publicada em espanhol. Fase produtiva em que também trabalhou como tradutora e mediadora cultural, aproximando a literatura argentina e brasileira.

Publicou romances, ensaios e livros históricos. Colaborou com os principais veículos da imprensa de Buenos Aires. Porém, com a ascensão de Perón, e alinhados com o antiperonismo, Lídia e Newton organizaram sua saída da Argentina. Viveram em muitos outros países entre 1950 e 1980, como Bélgica, México, Argélia e Espanha. Lídia faleceu no ano de 1997, na cidade do Rio de Janeiro, antes de completar 89 anos de idade.

3 – Haydée Nicolussi 

Haydée Nicolussi passou para a história como uma revolucionária romântica. Nascida em 14 de dezembro de 1905 na cidade de Alfredo Chaves, é filha de pais imigrantes. De família abastada, cresceu entre as montanhas capixabas e a cidade de Vila Velha. Criada nos moldes de uma educação religiosa, estudou em escolas tradicionais da capital, como o Colégio do Carmo. Diplomou-se professora em 1921.

Decidida a continuar os estudos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou História da Arte no Museu Histórico Nacional, o que a levou mais tarde à Sorbonne, em Paris, tornando-se a primeira capixaba a se graduar na área. Em 1929, teve um conto seu premiado pela revista O Cruzeiro, nacionalmente famosa, o que lhe deu fôlego para continuar investindo na carreira de escritora. Na mesma época em que despontava no mundo das letras, começou a se aproximar da militância política, ingressando na luta revolucionária. Engajada cada vez mais no movimento de esquerda e alinhada ao pensamento marxista, o teor das suas publicações também sofreu uma guinada ideológica, inclusive começou a escrever um romance proletário do qual restou apenas fragmentos, a que deu o título Os desambientados.

Neste período, sofreu perseguição política do governo e por duas vezes foi detida. A primeira vez em 1932, na cidade de São Paulo, e a segunda em 1935, quando passou cinco meses como prisioneira nas dependências da Casa de Detenção na rua Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Com a saúde precária, Haydée deixou a cela da repressão getulista, em 1936, abatida física e emocionalmente.

Artista multifacetada, poeta, escritora, tradutora, museóloga, pintora, após a dramática experiência política, Haydée Nicolussi voltou a se dedicar à literatura. Em 1943, publicou seu livro de poesia Festa na Sombra. Escreveu também contos, crônicas, ensaios e críticas literárias que continuam, em sua maior parte, inéditos. Haydée Nicolussi faleceu em 1970.

4 – Maria Stella de Novaes 

Maria Stella de Novaes foi uma das professoras e pesquisadoras mais respeitadas e reconhecidas do Espírito Santo. Publicou ao longo de sua carreira quase cem livros, a maioria estudos científicos na área de botânica, pedagogia, história, folclore e algumas obras literárias. Nascida em 13 de agosto de 1894, no seio de uma família tradicional, foi moldada por preceitos religiosos. Mesmo dedicada às ciências e às investigações empíricas sempre se manteve alinhada à moral do catolicismo.

Formou-se no Colégio do Carmo e cursou História Natural, no Rio de Janeiro, com o professor Cândido Mello Leitão. Primeira catedrática do ensino secundário no Espírito Santo, lecionou desenho, álgebra, caligrafia e ciências naturais na Escola Normal Pedro II e no Ginásio do Espírito Santo. Maria Stella de Novaes acumulou muitos talentos e foi versátil nos seus interesses e produções. Naturalista, historiadora, cronista, teatróloga, folclorista, orquidófila, aquarelista, em muitas dessas atividades foi precursora e alcançou relevante protagonismo.

Fez parte de diversas instituições culturais, como o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, onde ocupou lugar de destaque. Foi uma das fundadoras da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, em 1949. Em mais de uma vez levou sua mensagem feminista como representante da filial capixaba da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em Congressos Nacionais com pautas dedicadas às discussões sobre os direitos das mulheres. Feminista de postura moderada, defendeu espaço para a mulher na vida pública, questionando os papeis tradicionais atribuídos ao sexo feminino. Na luta pela emancipação feminina argumentou a favor da equidade de oportunidade entre homens e mulheres – na educação, no trabalho, na política, nas letras e nas mais diversas funções sociais. Viveu uma vida de estudos, não casou e não teve filhos.

Foi professora, mentora e incentivadora de muitos capixabas notáveis, entre eles o ecologista e naturalista Augusto Ruschi. Faleceu aos 87 anos, lúcida e lançando livros. Em 1981, gravou entrevista para o Projeto Pesquisa e Documentação do Instituto Jones dos Santos, cuja transcrição encontra-se disponível online.

5 – Carmélia Maria de Souza

A literatura capixaba possui nomes de grande destaque no gênero crônica, entre eles Rubem Braga e Amylton de Almeida. O que poucos sabem é que houve uma mulher de igual talento em meio a tantos escritores homens. Carmélia Maria de Souza foi a “cronista do povo”, como definia seu próprio trabalho, e fez da crônica cotidiana a linguagem da sua poesia e da sua ironia.

Nascida no interior do Espírito Santo, no município de Rio Novo do Sul, em 1936, Carmélia viveu o auge da sua carreira nos anos 1950 e 1960. Passou pelo chamado Anos Dourados e experimentou na mesma intensidade os Anos Rebeldes. Escritora negra, mulher lésbica, autodidata, sem papas na língua, contestatória, tornou-se referência do jornalismo capixaba, reconhecida pelo estilo irreverente e crítico. De personalidade boêmia, amante da vida noturna, dos bares, dos amigos e das conversas literárias, marcou com seu estilo uma época.

Foi colunista e colaboradora dos principais jornais e revistas do Espírito Santo. Escreveu para O Diário, A Tribuna, Vida Capixaba, A Gazeta e O Jornal da Cidade. Foi também funcionária pública federal e trabalhou em importantes instituições culturais do Estado, como o Museu de Arte Histórica de Vitória e a Biblioteca da FAFI. Um incêndio na década de 1980 queimou boa parte dos seus escritos.

Sua morte precoce, antes de completar 38 anos, em 13 de fevereiro de 1974, deixou um vazio na vida cultural capixaba. Sua única obra publicada saiu postumamente, dois anos após o seu falecimento. Intitulado “Vento Sul”, o livro reúne crônicas, reportagens, testemunhos de amigos e condensa um pouco do que foi a vida e os temas caros à escritora.

Após sua morte, a cronista recebeu importantes homenagens. Foi intitulada Patrona da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras e um Centro Cultural foi fundado, no bairro Santo Antônio, com seu nome. Infelizmente, há dez anos, o local vem sofrendo com a negligência e o descuido de seu patrimônio. A importante jornalista e escritora, como mulher negra, de origem popular, quebrou com seu verbo e existência vários paradigmas, abriu portas para muitas outras mulheres capixabas e deixou um legado de coragem e ousadia.

6 – Maria Veronica da Pas


Referência para muitas mulheres negras do Espírito Santo, Maria Veronica da Pas foi médica psiquiatra, militante feminista, articuladora do movimento negro capixaba, professora da Ufes, artista, defensora dos direitos humanos e pioneira em várias frentes de atuação.

Nascida em Minas Gerais, foi a primeira de onze irmãos a cursar o ensino superior. Formou-se em medicina na Emescam e desde então passou a atuar na área da saúde da mulher. Neste espaço, uniu-se a outras companheiras e fundou, na década de 1980, o movimento de mulheres negras no Espírito Santo. O lugar que assumiu na dianteira das mobilizações antirracistas e em favor dos direitos das minorias foi crucial para torná-la uma das vozes mais potentes na luta pela valorização da identidade, da cultura e da estética negra no contexto capixaba.

Em 1988, coordenou vários eventos na Universidade por ocasião do centenário da Lei Áurea. As reflexões produzidas neste momento geraram um engajamento ainda maior de Veronica da Pas, saindo daí a ideia para a criação de um Museu que funcionasse como centro de referência da memória, da ancestralidade, das manifestações artísticas e da participação dos povos negros na construção da sociedade capixaba.

Considerada a maior idealizadora do projeto e uma das responsáveis por tirá-lo do papel, Maria Veronica da Pas foi nomeada a primeira coordenadora do Museu Capixaba do Negro (Mucane), instalado oficialmente em 1993. Seu afastamento do cargo ocorreu em 1996, sua morte aconteceria poucos meses depois. O legado que deixou Maria Veronica da Pas merece ser melhor estudado e sua vida e obra certamente precisam ser conhecidas como parte fundamental da história das mulheres capixabas e dos movimentos negros no Espírito Santo.

SEIS MULHERES DO PRESENTE
 

1 – Camila Valadão 

Camila Valadão é Assistente Social e doutoranda em Política Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ela é feminista, negra, mãe e militante do Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Atuou no movimento estudantil da Ufes, foi presidenta do Conselho Regional de Serviço Social (Cress) e integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH).

Desde o início da sua militância tem se dedicado à luta em defesa das mulheres, da negritude, da juventude e dos direitos humanos. No ano de 2014 foi a candidata mais jovem ao cargo de governadora do Brasil. Em 2016, esteve como a quinta candidata a vereadora mais votada em Vitória. Quatro anos depois, foi eleita como a segunda vereadora mais votada na Capital, com 5.626 votos feministas, antirracistas, antifascistas e antiLGBTfóbicos.

Construiu uma campanha coletiva. Sua vitória é resultado da luta de todas que vieram antes e de todas que ainda estão por vir. O Mandato Ilma Viana – Vereadora Camila Valadão é uma saudação e homenagem à incansável, alegre e combativa companheira de luta Ilma Viana que partiu em 2017. Ilma era pedagoga, sambista, de axé e militante em defesa do povo negro. Este é um mandato de todas as mulheres negras e também dos grupos que ao longo do tempo foram minorizados, perseguidos, mortos e esquecidos em Vitória.

2 – Kika Carvalho 

Kika nasceu em 1992 e é capixaba. Graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é artista visual, educadora social e grafiteira. Desde 2009, quando iniciou no grafite, atua no movimento hip hop da cidade. Foi a primeira mulher capixaba a alcançar destaque nacional na área. Rosana Paulino, em palestra no Museu de arte de São Paulo (Masp) a citou como uma das referências entre as artistas negras brasileiras da contemporaneidade. Em 2020, realizou residência artística no Instituto Goethe em Salvador, Bahia.

Além dos muros e murais da cidade, sua produção artística inclui desenhos, pinturas, gravuras, esculturas, instalações e vídeos. Suas temáticas estão relacionadas com mulheres, feminicídio, infâncias, juventudes, população LGBTQIA+ e ancestralidade africana.

Recentemente finalizou a pintura da Escadaria da Piedade, no Centro de Vitória. Compõe o Coletivo DasMina e o Femenina. Em suas palavras, seu trabalho parte de uma “busca pessoal enquanto mulher negra que reverbera em muitas vivências coletivas sobre o que é ser negro no Brasil.”

Um de seus quadros foi utilizado no livro “Enciclopédia Negra” de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz, lançado este ano pela editora Companhia das Letras. Ainda em março, aparece na edição mensal da Revista Vogue. Um de seus quadros virou peça de vestimenta da marca À La Garçonne, de Alexandre Herchcovitch.

3 – Bernadette Lyra 

Bernadette Lyra é uma das escritoras prolíficas do Espírito Santo. É autora de mais de 15 livros, com participação em antologias nacionais e internacionais. Seus livros – romances, novelas, contos – costumam trazer como protagonistas personagens femininas com forte inspiração em mulheres históricas e contemporâneas capixabas. Sua obra literária já rendeu indicações a importantes Prêmios. Foi finalista do Prêmio Jabuti, em 1997, com o livro “Memórias das ruínas de Creta” (há uma 2ª ed., de 2018), e chegou aos semifinalistas do Prêmio Oceanos com o romance “Ulpiana”, lançado em 2019.

Nascida na cidade de Conceição da Barra, em 1938, Bernadette Lyra formou-se em Letras e alçou voos. Viveu muitos anos na cidade de São Paulo e passou temporadas em outros países. Na capital paulista foi professora titular de mestrado da Universidade Anhembi-Morumbi e professora colaboradora da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), onde também realizou seu doutorado em Cinema. Foi professora visitante da Universidade de Algarve, em Portugal, e na França atuou na Sorbonne como pós-doutora.

Sua trajetória como professora universitária é tão notável quanto sua carreira de escritora. Uma de suas valiosas contribuições como pesquisadora audiovisual foi a elaboração do conceito de “Cinema de Bordas”, associado ao circuito de produção de filmes periféricos voltados para o imaginário popular e a participação de comunidades.

Em 2020 foi homenageada pela Prefeitura de Vitória com a Comenda Maurício de Oliveira por seu trabalho de engajamento no movimento cultural do Espírito Santo. É catedrática da Academia Espírito-Santense de Letras. No auge da sua veia criativa, nos 80 anos de vida que traz no peito, Bernadette continua a inspirar gerações.

4 – Deborah Sabará 

Deborah Sabará nasceu no bairro Santa Marta, em Vitória, no ano de 1979. Mulher trans, é uma das expoentes capixabas do movimento LGBTQIA+. Sua atuação na causa soma mais de duas décadas. Desde então ocupou posições de direção e coordenação em comissões, secretarias e associações dedicadas aos Direitos Humanos e à causa das pessoas trans no Espírito Santo. Mãe de um jovem de 20 anos, divide seu tempo entre a maternidade, o ativismo cultural e a militância em movimentos sociais.

Por seis anos foi diretora-presidenta da Associação GOLD, que desenvolve projetos sociais junto à comunidade LGBTQIA+ e luta pela visibilidade trans. Hoje atua na instituição como coordenadora de projetos. É coordenadora do Papo Reto, projeto sobre infecções sexualmente transmissíveis, e do Cine Club, que promove diálogos sobre raça, gênero e violência contra a mulher por meio do cinema dentro das unidades socioeducativas. Foi também presidenta do Conselho de Direitos Humanos. Seus planos futuros envolvem a construção de uma casa de acolhimento a pessoas LGBTQIA+ e ações sobre tolerância religiosa e formação de mulheres ativistas.

Deborah foi a primeira pessoa trans do Espírito Santo a usar o nome social em uma prova do Enem. Foi também a primeira mulher transexual do Estado a participar de uma festa tradicional usando a roupa de acordo com a sua identidade de gênero. E, em 2019, tornou-se a primeira travesti porta-bandeira em uma Escola de Samba

5 – Ethel Maciel 

Ethel Maciel é natural da cidade de Baixo Guandu, no centro-oeste do Espírito Santo, e uma das mulheres cientistas de destaque no cenário nacional. Sua atuação no enfrentamento à Covid-19 no Brasil tem sido das mais assertivas, principalmente em defesa da ciência e do acesso amplo da população à informação confiável e embasada. O compromisso com a divulgação científica tem sido uma constante na sua carreira acadêmica.

Graduada no curso de enfermagem pela Ufes, Ethel se apaixonou pela pesquisa e seguiu se especializando na área de epidemiologia. Realizou o doutorado pela Uerj e na universidade referência mundial nos estudos epidemiológicos, a Johns Hopkins University (EUA), concluiu o pós-doutorado. Professora Titular do Departamento de Enfermagem e Coordenadora do Laboratório de Epidemiologia da Ufes, é também presidente da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose e é consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desponta igualmente em seu currículo sua participação na gestão universitária como vice-reitora. Apesar de no último pleito ter sido eleita para o cargo de Reitora, foi preterida pela nomeação presidencial.

Ethel é mãe de três filhos e uma defensora aguerrida da educação de qualidade. Uma característica que pode ser desconhecida para a maioria em relação à personalidade pública da ex-vice-reitora é sua paixão pelo balé. A dança clássica foi sua primeira profissão. Aos 17 anos dava aulas de balé na sua cidade natal. Outro ponto forte em seu trabalho dentro e fora da universidade envolve a causa das mulheres na ciência.

6 – Sonia Rodrigues 

Sonia Rodrigues é bacharel e licenciada em Psicologia pela Associação Vitoriana de Ensino Superior (Favi), bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e psicanalista em formação permanente do Grupo de Estudos de Vitória.

Integrou a Comissão de Discussão e Implantação do “Grupo de Estudos sobre as Relações Raciais – Referências Técnicas para a atuação de psicólogas (os)”, do Conselho Regional de Psicologia – CRP/16ª região. É membro do Grupo de Pesquisa “Ocupa Psicanálise: Pesquisa-ação para Clínica Psicanalista Antirracista”, do Departamentos de Psicologia (UFMG-UFES-UFRJ).

É Coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogos e Pesquisadores Negros do Espírito Santo (ANPSINEP-ES) e uma das idealizadoras do Raiz Forte – Espaço de Criação, fundado em 2016.

Atualmente, em parceria com o Artista Plástico Thiago Balbino, coordena as atividades do Espaço Cultural Casa_da_Barra em Conceição da Barra/ES

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