Ao lado de Erick, Pazolini se descola mais uma vez das decisões do governo para assumir protagonismo político
O vídeo do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), se antecipando ao governo do Estado para anunciar o retorno das aulas presenciais na rede municipal na próxima segunda-feira (10), dá prosseguimento às medidas tomadas em conjunto com o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), que revelam a movimentação do grupo para as eleições de 2022. No caso de Pazolini, repete ações individuais tomadas em outras ocasiões, como na última quarentena, em que chegou a se ausentar de reuniões com prefeitos convocadas por Renato Casagrande, e foi inclusive notificado pelo Ministério Público Estadual (MPES) para cumprimento de medidas de restrição. Já Erick entrou nesse ritmo mais recentemente, após uma aliança com o Palácio Anchieta no legislativo que durou alguns meses, mas nas últimas semanas mudou de contexto, com o deputado passando a atuar na contramão de Casagrande. No material espalhado nesta terça-feira (4), assim como na última semana, os dois aparecem juntos em defesa do retorno das aulas, assunto que vem sendo debatido pelo governo com interlocução do MPES e possível anúncio de flexibilização nesta sexta-feira (7). Mesma articulação também foi feita em relação a representantes do comércio, no mesmo dia do anúncio do Mapa de Risco que ampliou a autorização para o funcionamento em municípios capixabas. As medidas têm caráter estratégico e visam não só tentar assumir o protagonismo político com apoio de setores insatisfeitos da pandemia, como também consolidar a marcação eleitoral do Republicanos, partido que está colado no PSB em ocupação de espaços no Estado. Se no início deste ano, até parceria para 2022 com o PSB chegou a ser levantada nos bastidores, agora, pelo visto, “desandou rápido e geral”.
Lado oposto
Pazolini, como se sabe, era de oposição a Casagrande na Assembleia Legislativa. Após eleito, os dois chegaram a se reunir de forma institucional, mas não passou daí. O prefeito tem, em sua equipe, nomes do primeiro escalão do governo Paulo Hartung, adversário número um do socialista.
‘Ultraessencial’?
No vídeo espalhado nesta terça, Erick diz que Vitória se torna o primeiro município capixaba a retornar, de forma gradual, e que levará o debate para a Assembleia, para “que possamos abranger o resto do Estado, porque entendemos que é uma atividade ‘ultraessencial”.
Jogou no colo
Nos últimos dias, o presidente da Assembleia tem puxado vários temas polêmicos que podem gerar desgaste ao governo. Fora o atual, teve ainda o citado aqui na coluna passada, de conceder uma gratificação a profissionais da enfermagem no valor de R$ 5 mil cada. Categorias que atuam na linha de frente e merecem, sem dúvida, o bônus, a jogada de Erick cria uma situação para Casagrande. E se ele não conceder?
Sequência
Neste caso, a sinalização, da mesma forma, é assumir a frente como uma medida prioritária da Assembleia Legislativa, sem ao menos dizer o que isso representaria sob o aspecto financeiro. Outro dia o embate foi com o aliado de Casagrande, Victor Coelho (PSB), presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes).
Agora vai?
Sobre a palavra “ultraessencial” dita por Erick Musso, também vale a pergunta: vai colocar em votação o projeto do deputado Capitão Assumção (Patri) que torna educação atividade essencial, com proposta semelhante em tramitação no Senado? Até agora, o PL estava quietinho na Casa.
Sem debate
Antes mesmo de Erick levar o assunto para o plenário, a deputada Iriny Lopes (PT) já protestou: “não vou aceitar de braços cruzados que profissionais da educação sejam obrigados a retornar presencialmente aos seus postos de trabalho sem a vacina! Trabalhar sim, mas com segurança sempre!”, apontou, com críticas à decisão anunciada por Pazolini.
Sem debate II
Iriny reforça que “não é hora de reabrir escolas” e que, “novamente, crianças e profissionais de ensino são pressionados a colocar sua saúde em risco para atender aos desmandos do setor privado”. Para a deputada, a prefeitura fecha os olhos, assim, para todos indicadores contrários da Covid-19.
Favorável
No Senado, o relator é Marcos do Val (Podemos), defensor do projeto. Ele tem feito publicações nas redes sociais sobre o encaminhamento que dará à proposta já aprovada na Câmara dos Deputados, mas rejeitada por entidades e estudantes no Espírito Santo.
Nas redes
“O julgamento para definir o fechamento das comarcas no Espírito Santo foi adiado. Como deputada estadual e cidadã, estou lutando contra a extinção das comarcas no interior do Estado. O fechamento trará um prejuízo enorme para a população desses municípios e também a morosidade na tramitação dos processos”. Janete de Sá, deputada estadual pelo PMN.
FALE COM A COLUNA: [email protected]