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Do Vale Encantado para toda a América do Sul e além

Inspirado pela Lagoa Encantada e as trilhas na natureza, casal prepara motorhome para viajar com filho bebê

Do Vale Encantado para toda a América do Sul e além. O projeto de viajar de motorhome pelo continente sulamericano com o filho bebê movimenta a rotina de uma família de trilheiros e amantes da natureza nascida e criada no bairro de Vila Velha.

Arquivo pessoal

A inspiração vem das belezas da Lagoa Encantada e seus alagados, onde muitos moradores ainda cultivam o hábito da pesca, dos banhos de lazer, das trilhas e piqueniques, bem como das aventuras já vividas em trilhas na natureza em várias partes do Brasil e da América do Sul, ao longo dos mais de dez anos de casados. As mais recentes, já com o filho Ravi, que completou três anos no início do ano, como a subida ao Pico da Bandeira quando ele tinha apenas um ano de idade.

Tamiris Barbosa Messa dos Anjos, a mãe e fonoaudióloga, conta que o primeiro passo é montar um motorhome a partir de uma sprinter usada. Depois da longa lanternagem na oficina, é o próprio marido, o carteiro Ozias dos Anjos Silva, que está fazendo os primeiros ajustes, retirando algumas peças e preparando o isolamento acústico e térmico.

Arquivo pessoal

O desejo é que a casa móvel esteja pronta para que a família se lance na estrada no início de 2022. “Queremos aproveitar a idade não escolar do Ravi, antes dos seis anos dele”, diz. 

Além das economias próprias, o casal está com uma loja online com produtos de divulgação do projeto, a partir da logomarca doada por uma amiga. Camisetas, canecas e ecobags já estão à venda. E futuramente, rifas e outra ações entrarão em cena.

Arquivo pessoal

“Queremos continuar vivendo experiências legais, aprender questões de sustentabilidade, sobre culturas, mostrar pro Ravi uma forma de vida diferente. Já fizemos duas viagens com ele e é muito gratificante, porque tínhamos receio de que não daria pra fazer viagens com filho pequeno”, conta Tamiris.

“A gente sempre fez trilhas e quando o Ravi nasceu, decidimos que não iríamos parar, mas que encontraríamos um jeito de fazer tudo isso com ele”, reforça Ozíris. “Queremos ficar bastante tempo com o Ravi, o máximo possível. Por isso decidi trabalhar só meio expediente. Como sou autônoma, consigo me organizar assim”, complementa a fonoaudióloga.

Enquanto a pandemia do coronavírus e o motorhome ainda em produção não permitem aventuras mais distantes, a família mantém o ritmo das trilhas na natureza por meio dos passeios na Lagoa Encantada, que ajudam a preservar, somando esforços aos grupos locais que reivindicam a proteção legal por meio da criação de um parque natural, finalmente anunciada pela prefeitura.

Tamiris conta que, mesmo sendo “nativa” do Vale Encantado, só foi conhecer a Lagoa por meio do marido, que já era frequentador assíduo desde criança, na companhia do pai e dos irmãos. “É muito bonita! Impressionante como o lugar é grande e muito bonito. Eu me encantei desde a primeira vez e o Ravi também sempre se encanta com os passeios, se joga na água, adora brincar”.

Arquivo pessoal

O sucesso dos passeios animou a família a fazer o segundo aniversário do pequeno Ravi na Lagoa, com um piquenique. “A gente queria ficar na área dos cactos e demoramos a encontrar. Ficamos um tempo perdidos, rodando com o bolo de aniversário nas mãos”, narra, entre risadas. Encontrado o local pretendido, foi tudo perfeito, com direito a plantio de três mudas de árvores, doados pelos amigos Wilerman da Silva Lucio e Ingrid Barros, integrantes do Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Grande Vale Encantado (Desea), que lidera o movimento de proteção da Lagoa.

Nesses passeios, a família está sempre atenta a contribuir com alguma ação de proteção, seja recolhendo lixos, seja utilizando suas redes sociais para denunciar agressões, como o recente despejo de isopor, ou divulgando as petições pela conservação legal da região e levando amigos para conhecer in loco o belo lugar.

“Na pandemia tem sido nosso refúgio para fazer trilhas. É perto de casa, não tem aglomeração. Sempre que dá, em dias de semana, a gente vai, faz piquenique. O pôr do sol e lindo”, conta.

Os preparativos para a grande viagem incluem novos hábitos domésticos, que serão ainda mais importantes na estrada, como a separação do lixo seco e úmido, a redução do uso de plásticos e a alimentação mais saudável, com menos processados e mais vegetais orgânicos.

O nome e slogan do projeto familiar, “Somos Nós – Nós no caminho e o desate dos nós”, brinca com diversos significados de “nós”. “O nome antes era Somos Nós Três, quando o Ravi nasceu. Depois mudou pra Somos Nós, para ficar mais amplo, a gente pode ter mais filhos e tem as pessoas que compartilham com a gente, que nos ajudam. E os ‘nós no caminho’ que a gente desata tem a ver com liberdade, seguir nosso caminho e estar desatado de qualquer amarra”, relata Tamiris.
Arquivo pessoal

“Nós, como família e com os amigos que nos acompanham, amigos próximos e distantes”, reafirma Ozíris, autor do slogan. “O desate é dos nós que aparecem no caminho, do cotidiano e também os nós interiores que temos que desatar também, para realizarmos o que desejamos”.

Tamiris é ainda mais específica. As amarras, elenca, são os padrões que “o sistema” impõe. “A gente quer ir contra os padrões. Que conviver mais com nosso filho, por exemplo. Hoje mulheres não têm tempo para cuidar dos seus filhos, os pais não têm tempo para ver os filhos. A gente quer fazer diferente, quer ter esse cuidado com ele, quer ter liberdade para isso. É um crime obrigar uma mãe a trabalhar o dia todo”, posiciona.

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