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‘Muito igual’

Prefeito de município dividido no pleito de 2018, Daniel da Açaí se revela “fanzoca” de Bolsonaro e critica até CPI

Reprodução/TV Brasil

A solenidade de entrega das casas populares em São Mateus, ponto principal da visita de Jair Bolsonaro no Estado nesta sexta-feira (11), revelou que o prefeito Daniel da Açaí (PSDB) é “fanzoca” do presidente e não enxerga nada além de maravilhas na atual gestão do País. Entre homenagens que renderam cantoria, inclusive dele mesmo, em música de louvor e também do ritmo pisadinha, junto com dancinhas, o discurso do prefeito exaltou o tempo inteiro Bolsonaro, os recursos federais enviados ao município, com direito até a críticas contra as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) “sem fundamento que não chegam a lugar nenhum”, como afirmou. Daniel aproveitou o tema para fazer referência não só à investigação do presidente no Senado e, ao mesmo tempo, se autodefender, ao dizer que também foi alvo de duas na Câmara de Vereadores na legislatura passada, além de citar o processo que cassou seu mandato, revertido na Justiça. Ignorando completamente os protestos realizados em São Mateus que antecederam a chegada do presidente e a divisão local manifestada pelo eleitorado em 2018, quando Bolsonaro superou Fernando Haddad (PT) por margem pequena de votos no município, Daniel da Açaí também falou frases do tipo “a periferia de São Mateus é Jair Bolsonaro”, “homem honesto e sem corrupção” e a “prefeitura só sobrevive porque tem ajuda do governo federal”. Depois de muitos abraços e sorrisos entre os dois, o presidente devolveu os elogios: “Conheci o prefeito, transmite uma energia positiva. Se não fosse o cabelo, eu diria que sou muito igual a ele”. Daniel da Açaí, discreto nas redes sociais e que também foi reeleito em disputa apertada no ano passado, nesta sexta-feira, definitivamente, mostrou a que e – para quem – veio.

Enquanto isso…
Espalhados pelo município, tanto no começo desta semana como no dia da visita, estão faixas, cruzes e outdoors criticando o presidente, as quase 500 mil mortes, a condução da pandemia e a falta de políticas públicas e cortes na educação. Nesta sexta, também houve passeata: “Bolsonaro não é bem-vindo” e “Fora Bolsonaro” foram as palavras de ordem.

Tudo igual
No discurso do presidente, nada de novo. Soltou a frase mais recente repetida por ele em suas andanças pelo País – “Eu sou imorrível, imbrochável e incomível” -, voltou a defender o tratamento precoce, ao dizer que teve Covid-19 e tomou hidroxicloroquina, e reforçou as críticas ao governadores e prefeitos que fecham o comércio e decretam toque de recolher.

Péssimos exemplos
No palco do evento em São Mateus, as mesmas cenas repetidas em Vitória de total descumprimento aos protocolos sanitários. Bolsonaro, Magno Malta (PL), Carlos Manato (sem partido) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sem máscara o tempo todo. Já Neucimar Fraga (PSD), Da Vitória (Cidadania) e Soraya Manato tiveram poucos momentos de uso. Evair de Melo (PP), neste momento, se manteve de máscara, mas não foi sempre assim, como mostra a foto abaixo.

Redes sociais

Péssimos exemplos II
No aeroporto, onde definitivamente o clima era de “acabou a pandemia”, com aglomerações, falta de máscaras, abraços e apertos de mão, os políticos do Estado que acompanham o presidente também adotaram essa máxima. Entre eles Capitão Assumção (Patri), que estava na área da plateia em São Mateus.

Repercussão nacional
Na chegada de Bolsonaro em Vitória, o vídeo de uma jovem no mínimo corajosa repercutiu nas redes sociais, ao protestar solitariamente contra as mortes registradas no País devido às omissões na pandemia. Trata-se de Maria Clara Gama, 27 anos. A “postura” da “torcida verde e amarela” você vê abaixo. 

Repercussão nacional II
Outro vídeo que circula e se vê em tudo quanto é lugar, é do protesto feito por passageiros dentro de um avião comercial em Vitória, após entrada “surpresa” do presidente. Não saiu tudo exatamente como planejado e acabou com a reação sem comentários dele: “quem critica, deveria andar de jegue”.

Nem lá, nem cá
Bolsonaro passou sete horas no Estado. Não fez contato com o governador Renato Casagrande em nenhum momento antes da visita, nem de forma protocolar, e também não o citou nominalmente nos discursos oficiais. O governador, por sua vez, também nada disse sobre o presidente nesta sexta-feira. Os dois têm posições políticas divergentes e acumulam alguns episódios públicos de corda esticada.

Que coisa…
A ação de descontos em combustíveis e gás de cozinha do Sindicato dos Petroleiros do Estado (Sindipetro-ES) divulgada na coluna passada, que precisou ser adiada para este sábado (12) devido à ameaça de boicote em São Mateus por bolsonaristas, acabou cancelada.

Que coisa II…
Embora não tenha nada a ver com o ato, realizado com frequência pela entidade no Estado, prevaleceu a pressão ao dono do posto. O Sindipetro vai restringir o ato à doação de 100 botijão de gás à população.


Nas redes
(…) “Por mais que seus apoiadores tentem passar a impressão de que o mito sobrevive, seus pés são de barro e estão trincados. De jegue, ou de avião, a resistência aumentou e não vai parar até o Fora Bolsonaro!”. Iriny Lopes, deputada estadual pelo PT

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