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Segundo ato contra Bolsonaro em Vitória é maior e mais organizado

Mobilização uniu movimentos sociais, sindicais, estudantis e outros grupos, no dia em que o Brasil chegou a 500 mil mortes por Covid-19

Milhares de pessoas foram às ruas em Vitória no segundo grande ato contra o Governo Bolsonaro. Segundo organizadores, além de conseguir aumentar o número de participantes, um dos feitos mais importantes foi conseguir aglutinar mais organizações sociais envolvidas do que na primeira manifestação, no dia 29 de maio.

“Foi uma vitória da unidade do campo progressista que quer enfrentar Bolsonaro e parar esse governo de mortes”, disse Ana Paula Rocha, integrante do Círculo Palmarino e do Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Ela destacou a participação das diversas centrais sindicais, das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, do movimento negro e outros grupos políticos.

“Houve mais organicidade no sentido de tentar traduzir as pautas no ato e expor de forma contundente o combate aos cortes na educação, à fome, à lentidão na compra de vacinas, entre outras questões”, afirmou.

A manifestação aconteceu no dia em que o Brasil atingiu a marca de 500 mil mortes por Covid-19 nos registros oficiais.

Facebook/Iriny Lopes

João Paulo Izoton, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destacou a maior diversidade de movimentos presentes, já que o ato 29M havia sido puxado pelos estudantes contando com apoio posterior principalmente do movimento sindical.

“Pudemos ver grande quantidade de grupos organizados e novas organizações presentes, com força especialmente da juventude. É um sinal muito bom de disposição para construção de um campo unitário das forças populares”, avalia.

Ele estimou a presença entre 7 e 8 mil pessoas, além de mais de 200 carros. O ato saiu do campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goaiabeiras, próximo das 16h, e dispersou cerca das 18h30 em frente à Assembleia Legislativa.

Com distanciamento entre os participantes, chegou a ocupar as pistas da Reta da Penha desde a Ponte da Passagem até a Praia do Canto. A separação com três trios elétricos e uso de longas faixas com dizeres contra o Bolsonaro e seu governo ajudaram a evitar a proximidade entre manifestantes, sendo que todos usavam máscaras e houve distribuição daquelas do tipo PFF2.

João Paulo ainda observou a pouca presença policial, que acompanhou à distância e bloqueou apenas parte do trajeto. Embora o ato tenha terminado sem maiores conflitos, houve tensões em alguns momentos quando carros e motos ameaçavam avançar sobre os manifestantes em cruzamentos.

Facebook/ Iriny Lopes

Além de Vitória, atos menores aconteceram em municípios como São Mateus, Linhares, Colatina, Aracruz e Cachoeiro de Itapemirim.

Apesar do calor das ruas crescer, ainda há muitos desafios. O militante do MAB acredita que ainda não se trata exatamente de um movimento de ofensiva do campo progressista, que ainda se defende dos diversos ataques que acontecem a nível nacional.

“É preciso um processo ascendente do povo na rua se organizando não só para fazer ato, mas no dia a dia”, analisa. Ele destacou que muita gente não participou do ato, mas apoiou desde seus carros ou apartamentos durante o trajeto.

Para Ana Paula Rocha, devem seguir novos atos, que podem ser ainda maiores, mas é necessário ampliar os diálogos e avançar com as pautas para “furar a bolha” da esquerda.

“A tendência agora é não sair das ruas. Mas também temos que enfrentar a situação de morte e de fome, o que implica ações de solidariedade e que reivindiquem a prática do cuidado e da responsabilidade. É preciso ampliar a crítica para todos os setores da sociedade”, afirmou.

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