Fortes indícios de corrupção na compra de vacinas enfraquecem ainda mais o governo Bolsonaro
Os sinais ficam mais fortes a cada dia, com visíveis indicativos da queda de Jair Bolsonaro antes da eleição de 2022. A afirmativa, à primeira vista absurda, se torna plausível se observadas mais atentamente as revelações brotadas na CPI da Covid, que trazem à tona fortes indícios de corrupção na compra da vacina Covaxin, e as manifestações como a do dia 19 deste mês, sinalizando um poderoso levante popular. São dois fatores essenciais para colocar um ponto final à gestão fascista atual.
Nesse contexto histórico, Bolsonaro vai definhando junto a setores tradicionalmente assentados em sua base política, inclusive militares e evangélicos, e já não consegue levantar justificativas razoáveis, passando a descontrolar-se, como ocorreu nessa segunda-feira (21), ao agredir verbalmente jornalistas e a própria imprensa na cidade de Guaratinguetá. Uma demonstração de que só lhe resta o uso da brutalidade que é a marca do seu governo.
Essa postura também é adotada entre seguidores alinhados ao chefe, como os deputados estaduais Carlos Von (Avante) e Capitão Assumção (Patri). Nesta quarta-feira (23), para um plenário esvaziado na Assembleia Legislativa, os dois voltaram a atacar os movimentos sociais e partidos progressistas, em especial o PT e Psol, com xingamentos e elevado nível de desinformação.
Assumção chegou a dizer que a Argentina está vivendo uma “ditadura do proletariado e as pessoas matam cachorro para se alimentar”, repetiu a fake news de que o governo petista mandou dinheiro para construir um porto em Cuba e reclamou dos portos no Espírito Santo. Nem de longe, porém, tocou no processo de privatização da Companhia Docas do Estado (Codesa), em total desconhecimento das coisas que, de fato, interessam à sociedade.
A estratégia é bater na tecla de que a economia vai bem e tachar os partidos progressistas de “escória”, “petralhas” e denominar o ex-presidente Lula, como fizeram Assumção e Carlos Von, de “ladrão de nove dedos”. Tentam manter o cenário irreal e injusto para encobrir o desmonte do Brasil promovido pelo governo Bolsonaro, agora envolvido em suspeitas de corrupção em operações de compra de vacina contra a Covid-19, com sobrepreço de cerca de mil por cento. Essa é a porta que se abre e que deve ser escancarada nos próximos dias.
São fatos que ampliam o degaste do governo, fortalecidos com as manifestações de rua, notadamente a do dia 19, quando cerca de oito mil pessoas participaram da carreata, em Vitória, pedindo a saída de Bolsonaro antes das eleições de 2022. No Brasil, a estimativa é de 750 a 800 mil manifestantes.
O noticiário nacional já dá conta de movimentação do vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB-RS), da insatisfação em setores militares de alta patente e do desgaste junto aos evangélicos. Forma-se um cenário favorável à saída de Bolsonaro, atualmente sem condições de, desrespeitando a Constituição Federal, tentar um golpe contra as instituições para manter-se no poder. Tarefa complicada, não só pela divisão interna nos quartéis, inclusive nas policias militares, mas pela força das ruas demonstrada nas últimas manifestações.
Seu destino é a rua e, para se fazer justiça, a cadeia.