Guilherme Pereira e Geraldo Pinheiro defendem alterações na política de incentivos fiscais
Com opinião semelhante, o professor e doutor em Economia, Guilherme Henrique Pereira, aponta que a atual política significa “pôr dinheiro público no patrimônio privado”. A declaração é referente à aprovação na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara Federal, nessa quarta-feira (7), do relatório apresentado pelo deputado federal Da Vitória (Cidadania) ao Projeto de Lei Complementar 5/21, que renova o prazo para a concessão de incentivos em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o setor comercial e produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura.
O projeto concede uma sobrevida maior aos benefícios tributários vinculados ao ICMS ofertados por governos estaduais para atrair empresas e investimentos na chamada “guerra fiscal”. A proposta, que agora vai para análise da Comissão de Constituição e Justiça, abriu o debate sobre os resultados efetivamente positivos da política de incentivos fiscais no desenvolvimento econômico e divide opiniões.
Em sentido contrário, o secretário de Estado da Fazenda, Rogélio Pegoretti, em declarações publicadas no site do governo, defende: “Encerrar os benefícios fiscais do setor atacadista pode prejudicar a competitividade das nossas indústrias frente a outros países”.
Para ele, “sem essa definição da prorrogação, não há como as empresas estabelecerem uma previsão de investimentos. Elas estão suspendendo investimentos, suspendendo a geração de emprego e renda para a população, por não terem a certeza se os incentivos serão prorrogados ou não”.
Já o Fórum de Carreiras Típicas do Estado do Espírito Santo (Focates), integrado por entidades sindicais e associativas das administrações públicas federais, estaduais e municipais, além de se posicionar contra a prorrogação dos incentivos fiscais, ressalta a falta de transparência e aponta para a “caixa-preta” que impede que a sociedade saiba quem e quanto recebe cada empresa beneficiada.
“A sociedade paga um custo”, assinala Marcos Fardin, presidente do fórum. “Não somos totalmente contra, mas tem que haver diretrizes e metas, com transparência para que haja um controle social sobre os critérios adotados”, comenta.
O Focates aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre mandado de segurança para abertura da “caixa-preta” dos incentivos fiscais impetrado contra o governo do Estado. “O Tribunal [TJES] daqui indeferiu e tivemos que recorrer à instância superior, ao contrário do que ocorreu no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, lamenta.