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Projeto apoia reforma de pequenos comércios em morros de Vitória

Iniciativa de organizações tem dado novo visual e fomentado comércio popular em diversos bairros da capital

“Nunca imaginei ter um arquiteto só pra mim, um profissional para colocar no papel e planejar o que a gente sonhava. Eles transformaram o lugar e o nosso cotidiano”, disse Dulcineia Pereira Lima, a Duti, proprietária de um pequeno comércio de itens gerais no Bairro da Penha, em Vitória, na ocasião da premiação dos projetos do Ciclo de Formação da Central de Empreendedores, em que foram selecionados 12 empreendedores do Território do Bem, região de nove bairros populares na capital, e também nos bairros de Andorinhas, Mangue Seco e Santa Martha.

Como prêmio pelo bom desempenho no projeto de capacitação em empreendedorismo, eles terão, assim como Duti teve, a oportunidade de receber recursos e assistência técnica arquitetônica para obras em seus estabelecimentos comerciais. Para quem mora no alto dos morros, esses comércios são fundamentais, principalmente para pequenas compras emergenciais. Também são uma forma de fazer o dinheiro circular dentro da comunidade, e não para fora dela como quando consumido nos grandes supermercados.

Duti guarda em seu comércio as fotos de antes e depois das reformasRenan Grisoni

Porém, a maioria dos estabelecimentos é bastante simples, muitas vezes feitos junto à própria casa de moradores, que têm pouca capacidade de investimento. O prêmio conquistado tem o valor de pouco mais de R$ 7,8 mil que deve ser aplicado em reformas e melhorias do espaço de trabalho dos empreendedores. Entre os contemplados estão mercearia, barzinho, loja de bolos, de material de construção, pet shop, salão de beleza, loja de gás de cozinha.

O projeto, feito com recursos do Fundo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor, foi idealizado pelo Ateliê de Ideias, organização atuante no território, junto com a Onze8, entidade sem fins lucrativos formada por arquitetos e urbanistas, que tem como um dos focos a defesa da habitação digna para todos e da Assistência Técnica para Habitações de Interesse Social (ATHIS).

A primeira edição do prêmio, em 2019, contemplou 17 empreendimentos com um valor um pouco menor. A experiência serviu de piloto e ajudou a entender melhor as necessidades e dinâmicas dos comércios. Cada contemplado deve construir e aprovar conjuntamente com arquitetos o projeto de reforma e a proposta é que se envolvam e participem ativamente das obras. “A gente se reúne para saber o que eles querem. São os clientes que vão definir o que é prioridade. Vamos colocar no papel a proposta do empreendedor e ver o que é possível fazer com o recurso, diz Renan Grisoni, arquiteto da Onze8, .

Na primeira edição, o caso de Duti virou exemplar. “Minha família participou da reforma com a mão de obra, eu pintei todo interior da loja, meu esposo fez a instalação elétrica, e ele fez também a pintura externa da loja, pagamos de mão de obra somente pra colocar o piso na calçada e forro do teto, foi uma economia muito boa pra nossa reforma, com isso conseguimos fazer muito mais”, conta. Com isso, sobrou mais recursos para investir. Como o orçamento é pequeno, os arquitetos estimulam tanto a participação dos empreendedores como a busca de complementar os investimentos, aproveitando a assessoria técnica recebida.


Direita

Esquerda


Na mercearia de Duti foram feitas obras como rebaixamento do teto, pinturas internas e externa, iluminação, compra de novas prateleiras, reorganização do ambiente interno, reforma da calçada e outras, transformando o espaço. “A parte dos arquitetos no projeto de reforma foi essencial, pois sem eles a gente não tinha perspectiva de por onde começar a reforma e nem quanto a gente iria gastar. Com eles, a gente teve a verdadeira visão de como ficaria a reforma, daí deu pra gente sonhar até um pouquinho mais. Fora os orçamentos tão bem calculados que nos ajudaram a economizar nas compras também”, conta a comerciante.

Renan Grisoni, arquiteto da Onze8, conta que inicialmente chegaram preocupados com as questões de saúde, como pensam no caso das reformas de residências. “São questões importantes, mas vimos que é importante focar na questão estética e funcional dos comércios, para assim eles poderem se alavancar e conseguir recursos próprios para investir em outras obras necessárias”.

Cosme Santos, líder comunitário no Jaburu e integrante do Grupo Nação, que também atua na região, aponta que o projeto tem contribuído para maior envolvimento dos comerciantes nas questões comunitárias. “Os empreendedores que participam do curso geralmente ficam muito gratos e através do conhecimento adquirido se sentem motivados a participar das ações da comunidade e se tornam parceiros em outras atividades. Muitas vezes passam a ajudar para contemplar outras pessoas em projetos e assim a rede vai se formando e aumentando”, 

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