Em meio ao cenário conturbado, a pergunta: chegaremos a 2022 em terreno propício às eleições?
A um ano e três meses das eleições gerais, marcadas para outubro de 2022, o cenário político já começa a ser mostrado, no âmbito federal e também estadual, apesar dos limites estabelecidos pelas normas eleitorais, o que não impede articulações um tanto sigilosas e balões de ensaio em torno de candidaturas.
A tentativa de reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) e a do presidente Jair Bolsonaro, sem partido, entram no rol das certezas, mas, entre uma conversa e outra, fica no ar a pergunta de como o país caminhará em meio à gestão desastrosa de Bolsonaro, a pandemia da Covid-19, os supostos casos de corrupção no Ministério da Saúde e a sempre presente ameaça de golpe patrocinada por generais que não querem largar o osso.
Por aqui, as especulações indicam nomes de diferentes matizes políticos, desde o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) e o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido), que se mantém como concorrente, mas corre o risco de derreter, como consequência da queda de popularidade do seu “mito” que ocupa a Presidência da República. Outros nomes entram na relação, como mera especulação ou parte de estratégia para não perder os holofotes da mídia.
A relação inclui ainda o ex-governador Paulo Hartung, que cisca no cenário local depois que afundou a candidatura de Luciano Huck, onde ele tinha lugar de destaque. Nos bastidores, algumas vozes mais chegadas comentam que ele entraria na disputa ao Anchieta ou seria um dos nomes da chamada terceira via, a invenção da direita arrependida de ter ajudado a eleger Bolsonaro, até agora sem um nome definido para 2022 e só uma certeza: impedir o ex-presidente Lula de entrar na disputa.
Nesse cenário conturbado, com a CPI da Covid no encalço de Bolsonaro, surge a pergunta: chegaremos em 2022 pisando em terreno propício às eleições?
As respostas ficam no ar, ainda mais denso por conta de frequentes declarações golpistas vindas da área oficial do governo, que se mostra a cada dia como importante núcleo mundial da extrema direita, encarregado de manter acesa a chama do nazifascismo na América do Sul.
Essa demonstração recebeu reforço na semana passada, quando Bolsonaro se reuniu com a deputada alemã de ultradireita Beatrix von Storch, neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças de Adolf Hitler na Alemanha nazista, envolvida em incitação ao ódio contra muçulmanos. Dessa forma, ele traz ao público a sua ligação e de seus desastrados filhos ao movimento nazifascista mundial e desnuda a hipocrisia desse apego a Israel que encanta o público de igrejas evangélicas, uma das bases eleitorais mais robustas do atual governo.
O encontro de Bolsonaro com a deputada da ultradireita europeia gerou comoção e repúdio de diversas entidades judaicas, por conta do assassinato em campos de concentração mantidos por Hitler na Segunda Guerra Mundial, de mais de seis milhões de judeus. Também serve para explicar a visão racista e cruel do presidente relacionada aos povos indígenas, aos pretos e homossexuais.
Uma gestão que leva o país a atravessar uma das piores fases de sua história, iniciada no golpe de 2016 promovido para nos tomar o pré-sal, entregue às corporações transnacionais Esso, Shell e Chevron em operações finalizadas neste ano, sob a batuta de um presidente intolerante, racista, homofóbico, misógino, violento, genocida e incompetente, só para ficar em poucos adjetivos.
Em meio a esse desastre, sopram ares de esperança gerados nas manifestações em defesa da democracia, para reforçar a urgência de apear Bolsonaro do poder, e que levaram às ruas o colorido do vermelho, símbolo das lutas populares, e do verde e amarelo da bandeira brasileira, cujas cores foram sequestradas pela direita desde o golpe que resultou na deposição da presidenta Dilma Rousseff.