Empresas que prestam serviço para Vale e Arcelor impõem carga horária excessiva e salários incompatíveis
Funcionários de empresas que prestam serviços de transporte para Vale e ArcelorMittal no Espírito Santo se mobilizam pelo cumprimento da convenção coletiva de trabalho. Os profissionais fizeram atos na Serra na manhã desta quarta-feira (28) e sinalizam novas paralisações.
De acordo com Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), cerca de 100 funcionários participaram das manifestações realizadas nesta quarta-feira, mas nem todas as empresas abriram negociação. O ato começou por volta das 5h na região do Terminal de Carapina.
Os trabalhadores relatam problemas como carga horária excessiva, além de salário e ticket alimentação abaixo do que o previsto em convenção. “Tem trabalhador que tem mais de 30 dias que não folga. É um perigo, porque pode provocar acidentes e doenças nos próprios funcionários”, afirma José Carlos Sales, secretário do Sindirodoviários.
Seguindo a convenção firmada, os motoristas teriam o direito a um salário de R$ 2.511, ticket alimentação de R$ 8,66 por dia, além de plano de saúde e seguro de vida. No entanto, das cerca de 20 empresas que prestam os serviços, mais da metade não estava cumprindo com os direitos, aponta o sindicato.
O presidente do Sindirodoviários, Marcos Alexandre da Silva, conta que recebeu diversos trabalhadores relatando situações de exploração e excesso de carga horária. “Tinha funcionário trabalhando 14h por dia”, afirma.
O tempo é bem maior que o definido na convenção coletiva. Jair Francisco de Paula, diretor jurídico do sindicato, explica que o documento estabelece uma carga horária de 7 horas e 20 minutos por dia. “É desgastante. O funcionário não pode trabalhar além do que foi estabelecido”, destaca.
O sindicato já havia tentado apresentar os problemas às empresas, mas as instituições não se mobilizaram para solucionar as questões. “Faziam vista grossa. Quando a gente chega fazer uma ação como essa, é porque é o último caso”, aponta José Carlos.
Com as mobilizações, parte das empresas se comprometeu a cumprir a convenção coletiva a partir do próximo pagamento, o que provocou o fim das manifestações temporariamente. “Só vai trabalhar quem seguir a convenção. É direito de todos os trabalhadores”, declara Jair.