Exaltação a Alegre
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Talvez uma canção…mas qual, se sabes dedilhar a harpa do vento, cantando essa eterna cantiga de saudade que segue meus passos pelo mundo? Um beijo, então…ainda mais humilde é a oferta, se te beija diariamente esse sol purpúreo, eterno enamorado; se te beija essa lua toda prata, rendida aos teus encantos…
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Talvez um poema… mas que poema há que suplante esse poema vivo que tu és, filha dileta da natureza? É teu aniversário e nada tenho a dar-te…quisera salpicar estrelas em teus cabelos, vestir teu corpo com as nuvens mais airosas, colorir teus dias com meus sonhos mais doces.
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Queria dar-te o universo…e quão poucos seriam os sistemas e as galáxias, as nebulosas, os astros, o infinito insondável em eterna expansão…embora infinita, a dádiva é ainda pequena para meu afeto.
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Se nada tenho a oferecer-te que se iguale a teus encantos, aceite a humildade do que possuo: meus sonhos e anseios, minhas ilusões, meus sorrisos – pequenas dádivas que compõem meu imenso manancial de esperança e fé. Mas se te dou os bens que aqui acumulei nada te dou, na verdade, porque te devo tudo – a ti cabem os méritos dos meus exíguos tesouros.
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Pois paz e amor achei no teu convívio. Crescendo-brincando em tuas ruas floridas aprendi a enxergar o belo, a respeitar valores, a reconhecer grandezas. A amar o próximo e odiar injustiças, a não ter olhos de ver diferenças, porque somos todos iguais…Dou-me, então, menina caprichosa, e se os deuses já te deram todos os presentes, aceite mais esse e guarda-o contigo – como eu a guardo sempre em meu coração peregrino.
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De volta ao presente – O texto acima foi vencedor de um concurso literário lá pelos idos de…não me lembro o ano. Prefeito: Antônio Lemos. Quinze de agosto, dia de Nossa Senhora da Penha de Alegre – dia da alegre cidade vicejando formosa entre verdes montes, eternas sentinelas preservando minhas saudades.
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Fecho os olhos e vejo essa menina magricela descendo a ladeira da Rua Comandante Barata, depois Rodrigues Alves – rumo ao dia que começa. Enquanto o futuro não chega, lá vai ela pegar mangas na chácara do Bransildes, passear no Jardim Velho, ver o trem chegar na estação. Domingo missa na matriz, um filme no Cine Trianon. Baile no Comercial ou no Rio Branco? Em agosto, Alegre se enfeita de saudades.