Continuam pendentes: fim do contrato com viação Expresso, solicitada pelo MPES; e pautas de outros bairros da orla
O retorno de horários de ônibus retirados no início da pandemia de Covid-19 e a realização de obras que viabilizem um novo trajeto do transporte coletivo dentro da Praia do Sauê. Esse foi o saldo da comitiva da Prefeitura de Aracruz, no norte do Estado, em reunião com moradores do bairro, realizada nesta sexta-feira (20), quando foi feito o reconhecimento das vias e identificadas as intervenções necessárias.
Continuam pendentes, no entanto, os pedidos de retorno de horários em outros bairros da orla; a realização de uma auditoria no sistema de transporte público municipal, com participação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); e a rescisão do contrato com a atual prestadora do serviço, a viação Expresso Aracruz, conforme já determinado pelo Ministério Público Estadual (MPES) e recomendado também no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte público, concluída pela Câmara de Vereadores em outubro de 2020.
Na avaliação dos avanços conquistados nessa sexta-feira, a comunidade da Praia do Sauê entende ser o início do atendimento de suas reivindicações. “Foi atendida a necessidade do bairro em relação ao novo trajeto e horários. Mas se tiver ônibus quebrado entrando aqui, ele não vai sair. Nós exigimos ônibus de qualidade”, declara a enfermeira aposentada Sueli dos Reis Abrantes.
A moradora lembra que a renovação da frota da Expresso ainda não tem sinal de acontecer, o que continua submetendo a população não só ao desconforto, mas também a riscos de segurança e até de vida.
A elevada precariedade dos coletivos foi relatada pela CPI, que registrou bancos e janelas quebradas, falta de cinto de segurança, vazamentos de óleo e vários incêndios espontâneos de carros. O último, conta a enfermeira, teria acontecido nessa quarta-feira (18) à noite, de acordo com postagens feitas nas redes sociais locais.
Sobre a auditoria da Ufes no sistema de transporte municipal, Sueli conta que a pauta continua em aberto, havendo sinalização por parte do governo do Estado de que irá ser realizada. “A gente recebeu informação de que a universidade já tem parceria com a Ceturb [Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros], que iria intermediar essa contratação de auditoria. Nós não abrimos mão da participação da Ufes, temos que ter a credibilidade da Ufes”.
Petição online
Em paralelo, está ativa uma petição pública chamada “Chega de Expresso Aracruz”, direcionada ao juízo da Vara da Fazenda Pública do município, num clamor para que “o Poder Judiciário intervenha em favor dos cidadãos que dependem do transporte coletivo como único meio de se deslocarem para o trabalho, escolas, médicos e quaisquer outros afazeres, uma vez que o transporte coletivo é um serviço público, que já deveria estar funcionando nos moldes da decisão proferida nos autos da ação civil pública, ou seja, mediante licitação”.
O encontro desta sexta-feira aconteceu quatro dias após o último protesto público feito pelos moradores da orla de Aracruz, na madrugada de segunda-feira (16), com fechamento da ES-010 na altura da Praia do Sauê, devido ao não cumprimento das promessas feitas uma semana antes, de retorno de todos os horários retirados em função da pandemia.
Na próxima semana, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) vai ao bairro verificar a possibilidade de supressão de parte da vegetação em uma curva fechada, para possibilitar o tráfego de ônibus. Já a Secretaria de Transportes e Serviços Urbanos (Setrans) ficou responsável por notificar moradores sobre derramamento de água de pias e banheiro que escoam em meio a rua e por recuperar as ruas do entorno do bairro, para possibilitar a circulação do coletivo.