Santa Maria de Jetibá mantém há seis anos gestão da educação especial que merece ser replicada em todo o ES
Em tempos de declarações inacreditavelmente preconceituosas por parte do próprio ministro da Educação – o pastor presbiteriano Milton Ribeiro disse que crianças com deficiência atrapalham o aprendizado das demais e que, com algumas, é impossível a convivência – conhecer a experiência de um pequeno município capixaba de cultura pomerana é um oásis no deserto de gestão e coordenação que emana de Brasília.
Na rede municipal de ensino de Santa Maria de Jetibá, região serrana do Espírito Santo, a Educação Inclusiva é praticada com admirável empenho em cumprir a legislação federal. Desde 2015, as escolas adotam a máxima de que o estudante com deficiência é responsabilidade de toda a escola e que todos os alunos e professores se beneficiam dos conteúdos flexibilizados da educação especial.
As formações em Educação Especial, conta, não são feitas apenas com os professores especialistas, mas com todos os trabalhadores, “desde o porteiro até o diretor. Motorista, merendeiro, servente, bibliotecário, auxiliar administrativo…todos participaram desse espaço formativo”.
Além desse planejamento em conjunto, o professor especialista faz o atendimento colaborativo, atuando na sala de aula comum junto com o aluno especial, e faz o contraturno na sala de recursos dentro da escola.
Professores especialistas, auxiliares, estagiários, psicólogo e fonoaudióloga compõem o quadro de profissionais do Centro de Referência de Educação Inclusiva, que atendem a 108 alunos distribuídos em 48 unidades de ensino. No total, são nove professores especialistas, cerca de 40 auxiliares e três estagiários.
Na rede de Santa Maria, Joziane explica que o estagiário desenvolve o mesmo trabalho que o auxiliar, porém, na perspectiva de ser uma atividade de formação para seu currículo e vivência como estudante. É uma experiência, portanto, bem diferente da que ocorre na rede estadual e nas redes municipais que seguem a mesma diretriz, onde é comum o estagiário ser chamado pejorativamente de “babá de aluno”, fazendo as vezes do cuidador, em atividades que não estão alinhadas com seu currículo de graduação. “O estagiário é apoio do professor. Quando ele adentra na nossa rede, eu digo que eles são o braço direito do professor, dando suporte no desenvolvimento diário das atividades com os alunos”, qualifica a coordenadora.

‘Vamos continuar acampadas até os profissionais irem para as escolas’
