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Cesar MC e a resposta à escalada autoritária no Brasil

Rapper capixaba que ganhou o Brasil nas batalhas de MC lança primeiro álbum nesta quarta-feira

Divulgação

O rapper capixaba Cesar MC, do Morro do Quadro, em Vitória, lança nesta quarta-feira (8), o primeiro álbum de sua carreira. Em referência a um versículo bíblico, “Dai a Cesar o que é de Cesar”, denuncia a escalada autoritária no País, os ideais armamentistas em curso, o racismo estrutural e o conservadorismo da bancada evangélica. Na obra, a favela é definida como um coliseu moderno, onde os moradores também precisam lutar pela sobrevivência e se basear na fé.

Na manhã desta quarta, o rapper lançou a música que dá nome ao álbum. A faixa de Dai a Cesar o que é de Cesar foi divulgada juntamente com um clipe em diversas plataformas digitais. Cerca de cinco horas após o lançamento, o vídeo já contava com mais de 200 mil visualizações no Youtube.

“Agora vós, ricos chorai e pranteai por vossas misérias que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram e a sua ferrugem dará testemunho contra vós. E comerá como fogo a vossa carne, pois acumulaste tesouro para os últimos dias. E o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído, clama. E os clamores dos trabalhadores entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos”.

É assim que se inicia o clipe lançado por Cesar, citando o capítulo 5 da Epístola de Tiago. A referência a trechos da Bíblia, presente em diversas partes da canção, dialoga com as críticas firmes à bancada evangélica, que ele mesmo diz que “não é Jesus”.

“Alguém avisa pro falso cristão que todo jovem preto um dia foi um feto. Não venha me dizer que é a favor da vida. Se quando nos assassinam, você fica quieto”.

Apesar das denúncias à omissão cristã, as rimas duras vão além e denunciam uma série de problemas sociais. Com voz potente já conhecida por quem o acompanha, Cesar passa por crimes ambientais, como a lama da Samarco/Vale-BHP, bem como os incêndios no Pantanal e na Amazônia.

A canção será a primeira faixa no álbum. Em julho, o rapper capixaba já havia lançado “Eu precisava voltar com a folinha”, que também faz parte do atual projeto. Ao todo, serão sete músicas, contando com nomes de peso do cenário do Rap, como Emicida e Djonga.

Proposital ou não, o álbum é lançado um dia após as manifestações bolsonaristas do dia 7 de Setembro, que antes de ocorrerem já eram apontadas como antidemocráticas, por defenderem uma intervenção militar e ameaçarem instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de não citar o presidente Jair Bolsonaro, já na primeira canção, o rapper faz duras críticas ao projeto armamentista em curso no Brasil, incentivado pelo líder do Executivo.

“O cidadão de bem dá um tiro do bem
Com sua arma do bem no suspeito do mal
Que não matou ninguém e não roubou ninguém
Mas adivinha quem é o vilão do jornal
Racismo é o câncer estrutural
Esse fato não depende da sua opinião
Ou você coopera com essa estrutura
Ou você ajuda na demolição”, declara em um outro trecho. sua citação aqui…

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