Alunos e professores realizaram protesto em Vitória contra a decisão de ingresso na instituição por histórico escolar
Os atos foram organizados pelos familiares dos alunos, mas também contaram com a participação de docentes da instituição e donos de cursinhos preparatórios.
O professor de Matemática do campus de Vitória, Ciro Pyrlo, participou da mobilização. “É um prejuízo enorme para os alunos que se preparavam para as provas. No ano passado, o instituto informou que aquela forma de processo seletivo seria uma exclusividade para aquele ano. Todo mundo se baseou nisso, e, agora, é possível ver que há uma contradição”, alega.
Pedro Lucas Fontoura, aluno e representante do conselho discente no campus de São Mateus, norte do Estado, também acredita que a repetição do mesmo processo seletivo utilizado no ano passado, em decorrência da pandemia, não é a melhor opção para a seleção. Apesar de acreditar que os protestos também envolvem interesses privados dos cursinhos, ele destaca que o instituto demorou para divulgar a decisão.
“A prova presencial é o método rotineiramente utilizado e penso que a maioria esperava que seria retomado neste ano. A análise de histórico escolar é menos comum, mas ‘encoraja’ que mais alunos participem e procurem os editais. Penso que houve demora para divulgar o método utilizado, o que chateou a muitos alunos e pais, quebrando a expectativa que criaram”, aponta.
A manutenção dos métodos de ingresso utilizados no ano passado foi anunciada pelo próprio instituto. No dia 31 de agosto, o Ifes divulgou uma nota informando que a análise de histórico será aplicada no caso das vagas em cursos técnicos integrados ao ensino médio; e o sorteio para as vagas dos cursos técnicos concomitantes, subsequentes e da educação de jovens e adultos (Proeja).
As regras valem para os estudantes que irão começar a estudar no primeiro semestre letivo de 2022. Na nota, a pró-reitora de Ensino do Ifes, Adriana Pionttkovsky, explica que “a instituição considerou que, mesmo com o andamento da vacinação no Brasil e no Espírito Santo, o cenário da pandemia da Covid-19 ainda apresenta muitas incertezas e não permite assegurar que as provas poderão transcorrer sem prejuízos aos candidatos, aos servidores e à própria coletividade, devido à magnitude da seleção”.
O posicionamento é reiterado pela professora Nanine Passos, coordenadora do curso superior de Letras do campus Venda Nova do Imigrante, na região serrana. “Qualquer outra alternativa poderia exigir do instituto um aporte financeiro de que não dispomos. As instituições públicas federais enfrentam um momento muito delicado para se manterem em pleno funcionamento”, alerta.
Logo após a publicação do informe, estudantes e candidatos se posicionaram contra a decisão nas redes sociais do Ifes. “Todo mundo estudando e pagando cursinho para chegar agora, que até os adolescentes vão vacinar, e não ter prova, sendo que até o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] foi presencial, absurdo isso!”, diz um dos comentários.
Uma outra candidata afirmou que a decisão foi anunciada tardiamente. “Pagando curso desde o começo do ano, estudando, sem tempo pra nada, absolutamente nada, só estudando. Achei absurdo, falta de consideração. Começasse a avisar alguns meses antes. Como uma escola, um instituto com o porte do Ifes, fez isso com os alunos? Decepção total. Desesperada com o que irei fazer agora, sem nexo, deveria ter sim a prova, muita gente se empenhando à toa”, disse.
De acordo com a instituição, até o final de setembro, um edital será divulgado com mais detalhes sobre os métodos de ingresso em 2022.