Fogo destruiu 250 mil m², incluindo plantios da Pastoral da Ecologia Integral. Criação de UC ainda está no papel
Ainda não se sabe os reais impactos do incêndio ocorrido nesse sábado (11) na Lagoa Encantada, na região do Vale Encantado, em Vila Velha. O fogo e a fumaça foram avistados em diferentes pontos da cidade e somente cessaram com a chuva que caiu à noite. Alguns dos vídeos e fotos postados na internet foram compartilhados nas redes sociais da APP Lagoa Encantada e dos grupos que apoiam a proteção da região.
“Eu estava no Shopping Vila Velha e senti o cheiro da fumaça”, relata Maria José Oliveira Lima Roque, integrante da Pastoral da Ecologia Integral e do Grupo Fraternidade e Vida da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Praia da Costa, e uma das animadoras do grupo internacional Viva Laudato Si, ligado ao Papa Francisco, que este ano trabalha com o tema “Cuidado com a casa comum”.
Pela manhã, horas antes do fogo começar, Maria José havia participado de uma ação ecológica e espiritual no local, que reuniu dezenas de pessoas para o reflorestamento de uma grande área, entremeada com momentos de oração e comunhão. “Fizemos três momentos de oração, primeiro em frente à Igreja Maranata, depois mais dois no local, antes e depois do plantio. Vimos rastros de jacaré, foi muito bonito. Um momento de muito amor”, conta Maria José. Quando soube do incêndio, a tristeza foi enorme. “A gente só tem uma ideia do tamanho da área queimada, mas não se sabe quantos animais morreram”, lamenta.
Segundo estimativas de integrantes do Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Grande Vale Encantado (Desea), cerca de 250 mil metros quadrados foram consumidos pelo fogo, incluindo um taboal e 80% da área reflorestada pelo grupo.
No perfil da APP Lagoa Encantada no Instagram, a informação é de que havia “pelo menos sete focos de incêndios”. Para os protetores, o fogo foi criminoso e provavelmente praticado por mais de uma pessoa. Além da biodiversidade local, também sofreram pessoas do bairro que têm problemas respiratórios. “Peço aos amigos que se mantenham vigilantes e denunciem estes criminosos, ou os filmem e mande para nós, está covardia tem que acabar!”, exaltam os protetores da APP Lagoa Encantada.
Para a animadora do Laudato Si, é urgente a ação do município. “Criar a APA [Área de Proteção Ambiental] é pra ontem! Se não, vai acabar, Vila Velha vai perder!”. A riqueza da região, ressalta a ambientalista, é “muito maior do que a maioria das pessoas pensa”, destaca, referindo-se ao debate virtual realizado no último Dia Mundial do Meio Ambiente. “O professor Pablo Azevedo Rocha, da Ufes, mostrou pra gente. Não é só o solo-esponja [que evita os alagamentos comuns no entorno da Lagoa Encantada], é a fauna, a flora”.
A proposta de criação de uma ou duas unidades de conservação na região está na Prefeitura de Vila Velha. O estudo técnico sugere dois cenários: um parque natural com 261,63 hectares protegendo a lagoa e seus alagados circundantes, bem como o Morro do Carcará; ou um parque com 137,38 ha na lagoa e uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) ao redor do parque, com cerca de 125 ha.