Coletivo Praça Vive se articula para participar das decisões e aponta necessidade de reformas urgentes de pistas
Skatistas capixabas têm se mobilizado para garantir políticas públicas para a área. Após uma iniciativa de moradores da Serra, o coletivo Praça Vive, de Vitória, se reuniu com a vereadora Camila Valadão (Psol), para apresentar demandas da modalidade. Na Capital, as reivindicações envolvem o fomento do poder público e mais participação desses grupos nas decisões sobre obras e reformas destinadas à prática do esporte.
O grupo apontou a necessidade de medidas de preservação e reconhecimento do esporte em Vitória, além de solicitar novas reformas e reparos das pistas de skates, principalmente na Praça dos Namorados, onde acidentes têm acontecido por falta de sinalização adequada. “A gente conseguiu passar as nossas demandas e ela nos orientou sobre como funciona para falar com a prefeitura e fazer esse caminho”, explica João Victor Chequetto, integrante do coletivo.
João acredita que uma das formas de incentivo por parte da prefeitura seria a realização de workshops nas regiões periféricas da cidade, apresentando o esporte para pessoas em vulnerabilidade. “Principalmente levando o skate para pessoas que não têm condição, porque é um esporte caro, e eu acho que devia ter incentivo público nesse sentido”, destaca.
Aline Dantas, skatista há 23 anos, acredita que a reforma das pistas já existentes é uma das urgências na Capital. A profissional aponta a pista da Praça dos Namorados, que ela descreve como abandonada, a pista do Parque Atlântico, e a Pista Verde, em frente à Avenida Araceli, antiga Dante Michelini, onde ela enfatiza a necessidade de um guarda-corpo para a proteção dos usuários.
“Os carros passam ali o tempo todo e é um risco que a gente corre, porque fica bem próximo à pista e pode acontecer um acidente, um carro invadir a pista, então um guarda-corpo ali daria até mais segurança para a prática”, explica
Em um contexto de desvalorização de espaços públicos, tanto por parte das gestões municipais como pela própria população, um dos diferenciais do skate é a possibilidade de reinterpretação desses locais, aponta João. “O skate é uma prática que, antes de classificá-la como esporte, traz uma nova vivência do espaço urbano. Você começa a enxergar a cidade com outros olhos. Você enxerga rampa onde era uma calçada, um corrimão para deslizar onde era um banco, então você ressignifica os espaços”, enfatiza.
Segundo a vereadora Camila Valadão, a partir das demandas apresentadas, serão elaborados requerimentos de informação e projetos de indicação à gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) voltados para o fomento ao skate. No início de agosto, ela encaminhou à Prefeitura de Vitória uma indicação solicitando a realização da reforma da pista da Praça dos Namorados, na Praia do Canto. “Até o momento, o executivo municipal não deu um retorno sobre essa indicação”, informa.
A reivindicação por melhores condições para os skatistas também tem sido pautada em outros municípios capixabas. Em julho, skatistas da Serra apresentaram um plano dedicado ao esporte na cidade. Elaborado pela Associação dos Skatistas da Serra e Associação Capixaba de Skate, o documento foi entregue ao vice-prefeito e secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer, Thiago Carreiro.
Além de pedir mais participação nas decisões que se referem ao tema, o grupo fez um levantamento das pistas de skate existentes no município, apontando quais precisam de reparos ou não estão em condições adequadas de uso. Das 22 pistas identificadas na Serra, 17 foram consideradas ruins ou péssimas.
Na ocasião, além de reivindicarem a criação de um programa de incentivo a escolinhas de Skate, o grupo também apontou a necessidade de um calendário de eventos no município.
“Eu acho que mais do que construir pista, tentar fazer a galera andar de skate em alto rendimento, é trazer a cultura do skate para dentro do cotidiano das pessoas”, ressalta João.