Em “Virgínia Mordida”, Jeovanna Vieira aborda a violência psicológica contra as mulheres, baseada em personagens reais
Virgínia e Carmem têm histórias muito parecidas, e porque não dizer, semelhantes às de tantas outras mulheres deste “país tropical, abençoado por Deus”, mas machista que é uma tristeza. Elas têm suas trajetórias marcadas pela violência e suas histórias são narradas pela escritora Jeovanna Vieira, natural de Vila Velha. No romance Virgínia Mordida, que concorre na 6ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, ela traz à tona uma série de violências sofridas por essas duas personagens, que são reais, mas com nomes fictícios, e uma pitada de ficção.
O prêmio é organizado pela Amazon e pela Editora Record. O vencedor ganha um prêmio de R$ 40 mil, pago pela Amazon, mais R$ 10 mil, por parte da editora, correspondente ao adiantamento dos direitos autorais do livro, que também será publicado na versão impressa. Segundo Jeovanna, cabe à comissão julgadora avaliar os livros que concorrem, mas o feedback dos leitores, por meio de comentários no site, aquisição do e-book nesse mesmo portal e outras iniciativas, serão levados em consideração.
No livro, a autora mostra que a violência psicológica não é exclusividade de mulheres de um determinado perfil. “Normalmente se acha que isso acontece somente com aquelas que não tiveram oportunidades, estão em situação de vulnerabilidade”, diz a escritora. Os perfis de Virgínia e Carmem contrariam isso. Com famílias estruturadas e carreira estável, ambas sofreram violências psicológicas por parte de um mesmo agressor, que, conforme afirma Jeovanna, “abocanhou suas vidas”, mostrando que a violência contra a mulher é algo estrutural, acometendo a todas.
Virgínia, relata a escritora, apesar do término do relacionamento, hoje “vegeta”, sendo esse “abocanhar” que a fez “vegetar” uma das explicações para o título do livro. Virgínia e Carmem não são as únicas personagens. Outras mulheres fazem parte do enredo, mostrando tantas outras formas de violência, como a reprodutiva, a exemplo da necessidade de autorização de um homem para que seja feito o procedimento de ligação de trompas; a lesbofobia; e a imposição de padrões, como o estético.
Jeovanna alerta para a necessidade de se reconhecer as agressões psicológicas como uma forma de violência. “Não devemos aceitar um tapa na cara, mas também não podemos aceitar um julgamento. Quem te xinga, vai levantar a mão para você”, enfatiza.
A escritora capixaba destaca ainda que uma série de fatores fazem com que as mulheres prossigam em relacionamentos abusivos, como a “necessidade do relacionamento a qualquer custo”, uma vez que existe uma cobrança para que a mulher tenha um parceiro, como se esse tivesse que ser seu maior objetivo na vida.
Virgínia Mordida está disponível para compra no Amazon neste link.