O Espírito Santo voltou a registrar aumento do número de internações e óbitos por Covid-19, havendo também crescimento da presença da variante Delta do novo coronavírus (SARS-CoV-2). A informação foi transmitida pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (20) ao lado do subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
“A Sesa mantém o alerta epidemiológico anunciado semanas atrás”, afirmou o gestor, devido à interrupção do comportamento de queda sustentada das internações hospitalares decorrentes da doença. Atualmente, a média é de 190 a 230 pacientes/dia.
O aumento também é verificado na rede privada. “O nosso Painel Covid recebe dados de 37 hospitais privados, onde também há aumento das internações”, complementou Reblin.
“Apesar do avanço na vacinação e nas testagens em massa, da redução de óbitos [na média geral estadual] e da reabertura de atividades sociais e econômicas, ainda temos uma pandemia em pleno desenvolvimento em todo o mundo”, ressaltou o gestor, acentuando ainda as alterações no comportamento do vírus em decorrência das variantes Gama e Delta.
Ao regionalizar os números, Nésio Fernandes disse que na região sul o quadro preocupa devido ao “aumento sustentado de internações”, que hoje colocam a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) em torno de 86%.
Na Grande Vitória, chama atenção o crescimento de pelo menos 30% no número de óbitos por semana epidemiológica, ao comparar os dados da última quinzena com a anterior. Nesse último período, foram 49 óbitos, número que pode ser aumentado após a entrada de registros ainda não inseridos no sistema.
A presença da variante Delta também cresce, segundo estudos de sequenciamento genético feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No último lote de 133 amostras, referentes a julho e agosto, a Delta de mostrou presente em 70%. O percentual não reflete a situação da população em geral, ressaltaram Nésio e Reblin, mas há sim “aumento da participação da variante Delta na transmissão comunitária no Espírito Santo”.
O acirramento da pandemia no território capixaba, no entanto, não altera a concomitância da disponibilidade de leitos hospitalares para pacientes acometidos também por outras enfermidades, bem como para as cirurgias eletivas, que continuarão a ser atendidas.
Testagem em massa
Além dos
esforços para aumento da cobertura vacinal, os gestores da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) discorreram sobre as estratégias de ampliação da testagem gratuita, entre elas, da divulgação dos locais e formas de testagem gratuita e a modernização dos Laboratório Central (Lacen).
Segundo Nésio Fernandes, o Estado tem hoje 16 pontos de testagem de RT-PCR, em 14 municípios, para os quais é possível o agendamento pela internet no endereço
saude.es.gov.br/agendamento. O sistema está disponível para “qualquer cidadão em solo capixaba, independentemente de apresentar sintomas, e sem avaliação prévia de um profissional de saúde”. Um 17º local tem previsão de ser aberto nesta terça-feira (21), na Rodoviária de Vitória.
Os resultados dos testes, informou, saem em média em 20 horas, podendo levar até 48 horas. “A performance capixaba é exemplar no país”, salientou o secretário, que rogou: “diante de qualquer sintoma, por mais leve, ou se você foi em algum evento público com aglomeração, se sentiu qualquer desconforto, faça o teste”.
Em caso de contato com uma pessoa testada positiva para Covid-19, o teste deve ser feito no mesmo dia, podendo ser repetido dentro de dois a três dias, em caso negativo. “Não se submeta ao risco da transmissão do vírus”, pediu.
Lacen
A baixa procura dos capixabas pela testagem, disseram os dois gestores, tem deixado o Lacen com uma grande ociosidade: apesar da capacidade de 4,5 mil testes/dia, a média tem sido de 2,7 mil testes/dia.
Reblin informou que novos investimentos aumentarão ainda mais essa capacidade diária, por meio de estações robotizadas para análise dos exames, que já estão sendo instaladas.
Além disso, em outubro, o próprio Lacen passará a fazer o sequenciamento genético das amostras, hoje feito na sede da Fiocruz no Rio de Janeiro. O prazo de entrega dos resultados pelo Lacen será de uma semana. “O sequenciamento permite verificar as mutações dos vírus, necessário à atualização das vacinas anuais, como ocorre com o Influenza, e, futuramente, também com o coronavírus”, explicou.