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Vereadora cobra contratações para o Centro de Referência em IST-AIDS

Indicação de Camila Valadão à prefeitura de Vitória defende a contratação de pelo menos três infectologistas

A vereadora Camila Valadão (Psol) encaminhou nesta sexta-feira (24), para a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), indicação de contratação de pelo menos três médicos infectologistas para o Centro de Referência em Doenças Sexualmente Transmissíveis (IST-AIDS). No documento, ela sugere que o assunto seja encaminhado “à Secretaria Municipal de Saúde e demais secretarias competentes, para análise da viabilidade e resposta no prazo máximo de trinta dias”.

É a segunda vez que Camila faz essa indicação. A primeira foi em fevereiro deste ano, mas segundo a vereadora, não houve retorno por parte do executivo. A nova indicação foi motivada pela matéria veiculada nessa quinta-feira (23) em Século Diário, na qual pacientes denunciam a precarização do serviço. Conforme consta no documento, em janeiro de 2021 havia, no Centro de Referência, 32 profissionais, sendo quatro médicos. Entre eles, apenas um infectologista.

Em agosto, como aponta o documento, com base no Portal da Transparência, o Centro de Referência passou a contar com 27 profissionais, sendo três médicos, permanecendo um infectologista. “Destarte, o Centro de Referência em ISTs que já contava com um déficit de médicos especializados, teve seu quadro geral de profissionais diminuído de janeiro a agosto do corrente ano, de modo a agravar ainda mais os enormes prejuízos que as pessoas em tratamento já vinham suportando”, ressalta a indicação.
O representante municipal de Vitória na Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids e conselheiro municipal de saúde, Sidney Parreiras de Oliveira, acha importante a iniciativa da vereadora, mas destaca que é preciso também a contratação de técnicos de laboratório e farmacêuticos. “O médico não trabalha sozinho. Como pedir um exame, se o paciente não consegue agendar por não ter técnico de laboratório?”, questiona.
Sidney afirma que existe somente um infectologista para atender mais de 2 mil pessoas, o que causa longa espera para consultas, prejudicando não somente quem já faz o tratamento, mas também quem foi diagnosticado e precisa dar início a ele. O médico, relata o conselheiro, convive com a sobrecarga de trabalho, o que faz os pacientes temerem a possibilidade do profissional abandonar o posto.
Além da dificuldade para marcar consulta, os pacientes têm que conviver, muitas vezes, com a impossibilidade de marcar exames devido à falta de técnicos de laboratório. Outro problema destacado por Sidney é a falta de acesso à Profilaxia Pré-Exposição de risco à infecção pelo HIV (Prep). Trata-se de medicamentos antirretrovirais que impedem que o HIV se estabeleça e se espalhe pelo corpo, prevenindo, assim, uma possível infecção. A Prep é utilizada principalmente por pessoas soronegativas que se relacionam com soropositivos, ou seja, que formam um casal sorodiscordante, e também por profissionais do sexo.
O acesso ao Prep, segundo Sidney, está dificultado em virtude da ausência de profissionais no Centro de Referência em IST/AIDS. Ele explica que, para fazer uso do medicamento, é preciso uma equipe com trabalhadores como médicos, assistentes sociais, enfermeiro e técnico de laboratório, pois a pessoa necessita de acompanhamento contínuo em virtude dos possíveis efeitos colaterais que o medicamento pode trazer, por exemplo, problemas renais.
Diante da falta de profissionais, afirma Sidney, acontecem dois problemas principais. Um é a possibilidade de a pessoa ter a saúde comprometida. O outro, é não poder dar início ao uso dos medicamentos, aumentando a possibilidade de infecção do HIV.
Quem já contraiu o HIV e faz o tratamento, também passa pela dificuldade de acesso a medicamentos. O conselheiro municipal aponta que a receita para aquisição de remédios é complexa, sendo esse um dos fatores que fazem com que seja necessário o atendimento de farmacêuticos, para que não haja erro na entrega. Entretanto, os pacientes são atendidos por uma auxiliar de farmácia, que não pode tirar dúvidas, por não ser sua atribuição, e que pode ter dificuldades para compreender a receita. Para ser atendido por farmacêutico, informa Sidney, é preciso marcar uma conversa online devido à pandemia, o que torna o procedimento moroso.

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