Ato em frente ao 10º Batalhão pediu fim da violência policial e do racismo e políticas de segurança pública
O Coletivo Feminista Mulheres que Lutam realizou uma manifestação nesta quarta-feira (29), em frente ao 10º Batalhão da Polícia Militar (PM), no bairro Aeroporto, em Guarapari. A motivação foi a agressão cometida por policiais militares contra uma mulher no último sábado (25), quando davam apoio a uma ocorrência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Eles desferiram socos, joelhadas e tapas na vítima e a jogaram no chão, prosseguindo com a violência. O ocorrido veio à tona nessa terça (28), quando um vídeo ganhou repercussão nas redes sociais.
As manifestantes compareceram ao 10º Batalhão com faixas e cartazes pedindo o fim da violência policial, do racismo, e reivindicando políticas de segurança pública e saúde mental, uma vez que, segundo familiares da vítima, ela sofre de transtornos mentais. “O protesto foi significativo, pois tivemos apoio da população. As pessoas buzinavam quando viam os cartazes”, diz a advogada e integrante do coletivo, Rosânia Maria da Silva Soares.
Rosânia afirma que o coletivo defende não somente a punição aos policiais envolvidos, mas também uma mudança na mentalidade da corporação. “É uma política machista, racista, sem preparo para garantir proteção para as mulheres pobres, pretas e periféricas”, ressalta. De acordo com Rosânia, ninguém do comando foi até o portão para conversar com as manifestantes, mas o coletivo irá acompanhar os desdobramentos do caso.
Repercussão nas redes sociais
O caso ganhou repercussão nas redes sociais, levando autoridades do Espírito Santo a se pronunciar. O governador Renato Casagrande (PSB) classificou o tipo de abordagem como “inaceitável”. “Determinei ao Comando Geral da Polícia Militar a apuração rigorosa e providências imediatas referente aos fatos registrados em Guarapari, no último sábado, que tiveram os vídeos divulgados hoje [terça]. A conduta em evidência não representa os valores da nossa polícia”, informou o gestor.
A deputada estadual Iriny Lopes (PT) afirmou que está “tomando as providências cabíveis na busca de respostas, como propor uma audiência pública com os diversos atores envolvidos no tema”, destacando em seus posts outros dois casos de violência policial ocorridos nesta semana. Um é a invasão à casa do produtor cultural Stel Miranda pela PM, o outro, a abordagem da vigilância patrimonial da empresa Suzana à líder quilombola Flávia dos Santos, em Conceição da Barra.
De acordo com Iriny, Flávia e sua família tiveram seu carro revistado em uma espécie de blitz montada por funcionários de uma empresa terceirizada, que não têm competência para isso.
A vereadora de Vitória, Camila Valadão (Psol), afirmou que casos como o de Guarapari e o ocorrido com Stel Miranda “não podem ser naturalizados”. “Cobraremos providências do governo. Chega de violência policial!”, destaca.
O deputado federal Helder Salomão (PT) salientou que as imagens dos policiais agredindo a mulher são revoltantes. “Estou chocado com tamanha covardia. É urgente que o caso seja apurado e os responsáveis punidos de forma exemplar”, destacou.