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​Fim do rodízio é ‘falta de responsabilidade e transparência’, diz Coletivo

Mudança anunciada para as escolas estaduais também foi considerada um erro pela epidemiologista Ethel Maciel

O retorno das aulas obrigatórias e sem rodízio nas escolas estaduais a partir do próximo dia 11, conforme anunciou o governador Renato Casagrande (PSB) nessa sexta-feira (1), é considerado pelo Coletivo Resistência & Luta Educação como uma iniciativa de “falta de transparência e responsabilidade”. “A situação é absurda. A pandemia não acabou e tem uma nova variante circulando. Com a quantidade de alunos, vai ficar mais difícil manter o distanciamento social”, diz o professor Swami Bérgamo, que critica a falta de diálogo com a comunidade escolar sobre as decisões que a afetam. 

Swami destaca que algumas escolas têm uma infraestrutura melhor e outras não, como na questão das salas de aula, pois não é em todas unidades de ensino que elas são ventiladas. “O governo quer dizer o que com isso, que não precisa mais de distanciamento? Sabemos que a vacinação avançou, mas nem todas crianças e adolescentes foram vacinadas e a imunização acontece somente depois da segunda dose”, ressalta.

De acordo com o integrante do Coletivo, há relatos em meio à comunidade escolar de que mesmo com casos de estudantes e profissionais da educação com Covid-19, as aulas não estão sendo paralisadas. Para ele, o rodízio possibilita mais facilidade de distanciamento social, embora os hábitos da comunidade escolar fora do estabelecimento de ensino também influenciem.
Swami relata, por exemplo, os casos de estudantes que saem da escola normalmente e tiram de imediato a máscara, além de pais que levam os filhos para a unidade de ensino e muitas vezes não utilizam esse Equipamento de Proteção Individual (EPI). “A escola e o governo não têm esse controle de fiscalização”, destaca.
Outro agravante, aponta, é a reforma do ensino médio. Ela estabelece a realização de seis disciplinas de 50 minutos em vez das 5 de 55, como era antes, fazendo com que o tempo de recreio fosse reduzido de 25 para 20 minutos. “É mais corrido. É menos tempo para acessar a merenda. Tem fila. Com metade dos alunos para merendar é mais fácil fazer distanciamento entre eles. Vai manter os 20 minutos, mas com o dobro de alunos”, afirma.
Nas unidades do Estado, a exceção para adesão ao rodízio será apenas para alunos com laudo médico, que seguirão no ensino remoto. “Orientamos às demais redes (municipal e privada) que sigam a normativa”, ressaltou Casagrande. As aulas se tornaram obrigatórias na rede estadual no final de julho, com rodízios diários entre dois grupos de estudantes em casa sala. A recomendação se estendeu, então, às demais redes de ensino, públicas e privadas.
‘Erro’
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, também se posicionou em suas redes sociais sobre a decisão do governo do Estado. Ela classificou a atitude como um “erro”.

“Nesse momento, que os adolescentes estão com apenas uma dose e as crianças sem vacina, a estratégia deveria ser manter o rodízio com um programa de testagem. Nos países desenvolvidos, as crianças são testadas semanalmente. Não devemos olhar apenas o óbito, que por si só é ainda alto no Brasil, mas o adoecimento e as sequelas. Manter o rodízio em uma situação no Brasil em que as escolas têm pouco ou nenhum controle de ar, é uma estratégia de prevenção”, defendeu.

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