Fontes que não quiseram se identificar, por medo de represálias, afirmam que cinco detentos foram apontados como responsáveis pelo assassinato de um presidiário nessa quinta-feira (7), na Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Justiça (Sejus), que em resposta a Século Diário, afirma que “a Polícia Civil [PC] indiciou cinco presos pelo homicídio”.
Segundo a Sejus, o assassinato – a vítima não teve o nome revelado – “foi imediatamente comunicado às autoridades policiais para a devida apuração dos fatos”. A secretaria diz ainda que “também deu ciência do ocorrido aos órgãos que compõem o sistema de Justiça, como o Poder Judiciário, Ministério Público [MPES] e Defensoria Pública Estadual [DPES], e abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte”.
O crime ocorreu na manhã dessa quinta-feira. Na ocasião, a Sejus informou que o interno foi agredido durante o banho de sol, sendo constatado o óbito no local, mas não deu detalhes.
O ocorrido chamou atenção da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Vitória. Seu diretor espiritual, padre Vitor Noronha, afirmou que, em parceria com outras organizações da sociedade civil, será cobrada a apuração do caso.
O sacerdote também defendeu a exigência de mudanças no sistema penitenciário, para que torturas e mortes não mais ocorram. “Não é somente saber quem foi o fulano que agrediu, seja ele detento ou agente. Temos que saber? Sim, pois a família tem esse direito, mas é preciso repensar o sistema penitenciário”, defende o sacerdote.
Segundo o padre Vitor, percebe-se o aumento das torturas e mortes no sistema penitenciário. “Esta morte, por exemplo, foi por meio de tortura, mas nem todas levam a óbito. A tortura é uma prática que está normalizada no sistema, que a possibilita, por exemplo, por causa da superlotação, da falta de agentes penitenciários e da falta de formação em direitos humanos para esses profissionais”, destaca.
Para ele, por ter como um de seus objetivos a promoção da dignidade humana, a Pastoral acredita que tortura no cárcere “é um escândalo”. “Cada pessoa encarcerada é um irmão para quem queremos vida, e vida em abundância”, afirma.