Deputado federal tachou, nas redes sociais, os mentores da campanha de “maus funcionários públicos”
Alvo da campanha “Quem votar não volta”, por ter votado favoravelmente à reforma administrativa do governo Bolsonaro, que precariza o serviço público por meio da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, o deputado federal Evair de Melo (PP) reagiu nas redes sociais, enquanto os servidores aumentam a pressão aos parlamentares. Em vídeo gravado em frente a um dos outdoors afixados no Estado, ele tacha os mentores da campanha de “maus funcionários públicos” e defende “todas as reformas” da gestão federal.
“Sim, eu sou a favor da forma administrativa. Já votei na comissão especial e assim vou fazer no plenário da Câmara dos Deputados. Temos que ter um Estado mais enxuto, mais eficiente, que entregue um serviço de qualidade para as pessoas. Temos que ter condições de remunerar mais e melhor os bons funcionários públicos, aqueles que se dedicam, que têm comprometimento, mas que não é a realidade da maioria”, afirma Evair de Melo, que tenta se articular como candidato ao governo do Estado em 2022, para fazer palanque para Bolsonaro.
A reação do deputado ocorre na semana em que as entidades de servidores públicos de Vitória e de outras capitais, juntamente com centrais sindicais, organizam um Dia Nacional de Luta, nesta quinta-feira (28), contra a PEC 32, que está para ser votada no plenário da Câmara dos Deputados, depois de passar na comissão especial da qual Evair de Melo faz parte.
A denúncia visa mostrar à população que a medida representa o desmonte do serviço público, para viabilizar a terceirização dos serviços, favorecendo a iniciativa privada. O ato é parte da campanha para pressionar os deputados, que, no Espírito Santo, inclui os governistas Amaro Neto (Republicanos), Soraya Manato (PSL), Da Vitória (Cidadania), Norma Ayub (DEM) Lauriete (PSC) e Felipe Rigoni (PSB).
Para Rodrigo Rocha Rodrigues, diretor da Pública Central do Servidor nacional e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos no Espírito Santo (Sindipúblicos-ES), Evair “só se elegeu graças ao serviço público e à possibilidade de estranhos sem concurso público poderem assumir cargos em comissão. Quando foi presidente do Incaper [Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural], usava a estrutura para fazer política e foi assim que se elegeu”.
O dirigente sindical destaca que, ao atacar os serviços públicos gratuitos e de qualidade para a sociedade, apoiando a PEC 32, além do danos sérios para os servidores ativos e aposentados, também busca viabilizar a terceirização do serviço público e transformar servidores efetivos em cargos de livre nomeação para fazer barganhas políticas. “Ele é o reflexo do que há de pior na sociedade brasileira e no meio político e não merece estar no cargo que ocupa, pois não trabalha para o bem comum e sim para o seu próprio bem e de seu grupo político”, critica.
O vídeo de Evair provocou reações nas redes. Jean Cerqueira Leite postou: “Tem vergonha na cara, não, deputado? Leia a PEC antes de votar. E aproveita seu último mandato, porque o povo não esquecerá”. Já Vanessa Bernardo afirmou: “Não precisa ser de direita ou de esquerda para perceber os retrocessos que a reforma administrativa irá causar, com terceirizações, precarização dos serviços públicos, destruição das carreiras. Basta ser pensante. Querem privatizar os serviços públicos! Um verdadeiro retrocesso!!!”.
Um dos pontos mais polêmicos da reforma administrativa é a estabilidade no serviço público, que, segundo os trabalhadores, existe “não como privilégio, mas para impedir que cargos, sobretudo técnicos, fiquem à mercê das mudanças dos mandatos políticos e que haja nepotismo”. O combate aos privilégios é o argumento do governo na apresentação da proposta. No entanto, ficam de fora promotores, juízes, parlamentares e os tribunais federais e regionais.