Pesquisas sobre a aplicação de imunizantes em idades pediátricas avançam pelo mundo
A farmacêutica Moderna anunciou, nesta segunda-feira (25), resultados positivos para aplicação da vacina contra a Covid-19 em crianças de 6 a 12 anos. O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, comemorou os resultados da fase 2 do estudo do imunizante, que, apesar de ainda não ser utilizado no Brasil, demonstra a eficácia da imunização do público infantil, e anunciou: “Expectativa é termos vacinas para idades inferiores a 3 anos ainda em 2021”.
Nesio destaca que a maior disponibilidade de vacinas para idades pediátricas será fundamental para o controle de médio e longo prazo da circulação do coronavírus.
Os dados divulgados pela Moderna se baseiam em uma pesquisa com 4,7 mil participantes com idade entre 6 e 12 anos. O estudo identificou uma forte resposta imunológica nas crianças um mês após a segunda dose. De acordo com a farmacêutica, a maioria dos eventos adversos foram de gravidade leve ou moderada, como fadiga, dor de cabeça, febre e dor no local da injeção.
A aplicação de vacinas contra a Covid-19 no público infantil é defendida pelo secretário de saúde do Espírito Santo há algum tempo. No início de outubro, ele destacou a importância da aceleração dos estudos para utilização da Coronavac em crianças.
“Temos reiterado a recomendação ao Ministério da Saúde que adote proatividade no desenvolvimento de estudos para subsidiar o uso de vacinas em idades pediátricas. Não podemos ser expectantes, adotando postura passiva, esperando o ‘fabricante apresentar documentos’ (…) É praticamente um consenso na comunidade científica que plataformas de vírus inativado sejam seguras e que podem ter preferência para idades pediátricas. A #coronavac de produção Flag of Brazil, vacina segura e eficaz, já é utilizada em crianças em diversos países”, disse.
Em uma coletiva de imprensa realizada pelo Governo de São Paulo em setembro, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), se colocou à disposição do Instituto Butantan para ser parceiro nos estudos do uso da Coronavac em crianças de 3 a 11 anos. “A Coronavac ainda não está liberada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], mas já é utilizada por adolescentes e para crianças em outros países. Então nós nos colocamos à disposição para que a gente possa avançar neste caminho”, disse Casagrande.
Em agosto, a Anvisa negou um pedido do Instituto Butantan para autorizar a vacinação de pessoas de 3 a 17 anos com a Coronavac no Brasil, por ausência de estudos da fase 3. A utilização do imunizante em pessoas com mais de 3 anos foi autorizada na China após estudos de fase 1 e 2 apontarem que a aplicação é segura, com uma forte resposta imunológica em 96% dos participantes.
Pfizer
Na última sexta-feira (22), a Pfizer/BioNTech também anunciou resultados positivos da vacinação do público infantil contra a Covid-19. Em um ensaio clínico realizado com crianças de 5 a 11 anos, o imunizante apresentou 90,7% de eficácia. No Brasil, a Anvisa só aprovou, até agora, a utilização da vacina da Pfizer em adolescentes com idade a partir de 12 anos.
Nos Estados Unidos, a expectativa é que o imunizante já comece a ser aplicado em crianças de 5 a 11 anos no próximo mês de novembro. A informação foi divulgada nesse domingo (24). A decisão depende apenas da aprovação de órgãos reguladores.
Em uma coletiva de imprensa realizada no dia 8 de outubro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que, no Brasil, a vacinação de crianças estará no plano de imunização contra a Covid-19 em 2022, caso haja aprovação da Anvisa.