Um ato foi realizado nesta segunda-feira na obra do espaço cultural, na Enseada do Suá, em Vitória
O Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento Espírito Santo (IAB-ES), lançou nesta segunda-feira (25), uma campanha pelo fim da obra do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória, e sua abertura ao público. O lançamento foi marcado por um ato na obra do espaço cultural, com colagem de adesivos com o mote da campanha, que é “Tudo isso era para acontecer aqui”, referindo-se às diversas manifestações artísticas.
A vice-presidente do Instituto, Daniela Caser, informa que serão lançados vídeos nas redes sociais com artistas capixabas reivindicando o término da obra. O dia 25 foi escolhido para realização do ato por ser o aniversário de 54 anos do Instituto e o aniversário natalício do arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha, que projetou o Cais das Artes.
O projeto foi anunciado há 13 anos pelo então governador Paulo Hartung. As obras começaram em 2010, mas estão paralisadas desde 2015. Para Daniela, o local é “de suma importância, um marco arquitetônico, a primeira obra de Paulo Mendes da Rocha no Espírito Santo”. Daniela recorda que o arquiteto capixaba alcançou renome nacional, tendo sido responsável, por exemplo, pelo projeto da reforma da Pinacoteca de São Paulo.
Nesta segunda-feira, o Instituto também lançou um manifesto em que os profissionais afirmam considerar urgente a retomada e finalização da obra.
“O IAB-ES, que comemora hoje, 25 de outubro, 54 anos de vida, reivindica dos órgãos governamentais competentes uma resposta quanto à continuidade das obras do Cais das Artes, uma resposta quanto ao funcionamento desses processos de requalificação urbana e de proteção dos nossos bens construídos para proteção da paisagem e da segurança das pessoas”, aponta a nota.
O Instituto defende ainda que a abertura do Cais das Artes possibilitaria maior circulação no entorno do espaço, que, à noite, fica deserto. “Com um espaço como esse, funcionando de noite, para eventos culturais, a situação se transforma radicalmente”, dizem os arquitetos.
Não é a primeira vez que os profissionais reivindicam a continuidade da obra. Em outubro de 2020, eles se manifestaram por meio de uma carta aberta na qual apontam que paralisações de obras desse porte ocasionam problemas urbanos relacionados com a paisagem do local e questões socioambientais.
Histórico
Em 2012, a Santa Bárbara, construtora responsável pela obra do Cais das Artes, faliu, ocasionando o rompimento do contrato da prestação de serviços. Um ano depois, foi contratado o Consórcio Andrade Valladares – Topus, que retomou as obras. Entretanto, elas pararam várias vezes no ano seguinte, sendo encerradas definitivamente no mês de junho. Ainda em 2015, foi anunciada a contratação de uma nova empresa para execução do projeto, cuja previsão de término era 2018.
Foi também em 2015 que a Justiça estadual barrou a retomada as obras do Cais das Artes. A decisão judicial condicionou o reinício da construção à conclusão de uma perícia solicitada pelo consórcio Andrade Valladares – Topus, que alegou prejuízos decorrentes da paralisação das obras, além de serviços realizados que não teriam sido pagos pelo Estado.
Em 2016 foi feita uma licitação de contratação de consultoria de engenharia para avaliação da obra, além de um balanço do que precisaria ser feito, necessitando de investimento de cerca de R$ 100 milhões a mais no orçamento. No ano de 2018, a empresa Planesp Engenharia ganhou licitação para gerenciar a obra, que, segundo a gestão de Paulo Hartung, seriam retomadas naquele mesmo ano. Até então, o gasto com o projeto havia sido de mais de R$ 129 milhões, com a previsão de chegada de um valor total de R$ 229 milhões no final.
Ainda em 2018, último ano do terceiro mandato de Hartung, o governo lançou o edital de contratação da empresa que terminaria a obra, mas o cancelou.
Já na gestão de Renato Casagrande (PSB), em 2019, o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) iniciou um processo de levantamento para ver o saldo da obra e retomar sua execução com a empresa Andrade Valladares – Topus.