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Reforma de unidade de Saúde indígena em Aracruz é adiada por quase 10 anos

Posto, sob responsabilidade do Ministério da Saúde, fica na aldeia Boa Esperança e apresenta uma série de problemas

Foto Leitor

Indígenas da aldeia Boa Esperança, em Aracruz, norte do Estado, esperam há quase 10 anos pela reforma da unidade de Saúde local, hoje em situação precária. A questão se arrasta no Ministério da Saúde desde 2012 e as obras sequer foram iniciadas.

O prédio foi construído na década de 90 e, desde então, os únicos reparos foram feitos pela própria comunidade. Em 2012, quando a atenção à Saúde Indígena já era uma responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a reforma e ampliação da unidade de saúde foram incluídas no Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI), mas não foram desenvolvidas.

Enquanto isso, as comunidades indígenas que dependem da unidade de saúde precisam lidar com os problemas do prédio. “Falta espaço. O postinho é muito pequeno para as cinco aldeias que atende. Até hoje, o local nunca foi mexido, eles só prometeram. Já fazem quase 10 anos e nunca fizeram nada”, reitera o cacique Karaí-Peru (Pedro), da aldeia Piraquê Açu.

A falta de espaço não é o único problema. Em julho, o vereador de Aracruz Vilson Jaguareté (PT) fez uma visita às unidades de saúde e ao Polo Base de Saúde Indígena do município, incluindo a unidade da aldeia de Boa Esperança, onde a situação também era precária.

“É extremamente preocupante. Se a Vigilância Sanitária for até lá fazer fiscalização, pode até ter um problema. Tem muita infiltração, telhado muito precário. Está completamente inadequado para a realidade atual”, disse na época.

Para o cacique Pedro, o descaso com as comunidades que precisam do atendimento no local é absurdo. “A gente que paga com tudo isso, a comunidade que paga. Nós ficamos triste, porque pedimos e nunca acontece nada, e a comunidade já não quer mais pedir. Até porque não é esmola, é um direito nosso”, declara a liderança indígena.

Além da unidade de saúde da aldeia de Boa Esperança, a situação também é precária em outras comunidades indígenas de Aracruz. Em julho, Vilson Jaguareté se reuniu com o senador Fabiano Contarato (Rede), para apresentar os problemas da Saúde Indígena no Espírito Santo.

“Em algumas unidades faltam insumos, remédios e equipamentos. Os mobiliários estão velhos e sucateados. Quando falamos de infraestrutura, verificamos a situação crítica de algumas unidades, e as que se encontram em melhor estado, é resultado de muita luta e esforço das lideranças e das comunidades que se empenharam em realizar, com recursos próprios, as melhorias necessárias”, ressaltou Jaguareté.

Na última semana, o presidente do conselho local de saúde indígena, Renato Tupinikim, denunciou a situação da unidade de Saúde de Caieiras Velha, que apresenta problemas como infiltrações no teto e nas paredes, paredes com mofo, além de poças d’água no chão.

Uma das soluções apontadas pelas comunidades para resolução do problema é a descentralização do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Governador Valadares (MG), responsável pelas comunidades indígenas de Minas Gerais e do Espírito Santo.

A ideia seria construir um Dsei capixaba, uma reivindicação antiga da população. Na última semana, o senador Fabiano Contarato afirmou que ainda tenta promover um debate com o governo federal sobre o assunto. “Estamos tentando mediar um diálogo entre as lideranças indígenas do Espírito Santo com o Ministério da Saúde, solicitando que representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) os recebam para tratar da necessidade de descentralização do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI)”, informou.

Questionado sobre a reforma do posto em Boa Esperança, o Ministério da Saúde fez uma nova promessa, afirmando que “o projeto será realizado em 60 dias a contar da data dessa terça-feira (25)”.

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