Ato foi encerrado sob promessa de que Erick Musso vai garantir as obras de saneamento e calçamento do bairro
Ao invés de bloquear a passagem, um grupo de moradoras da Praia do Sauê, em Aracruz, norte do Estado, optou por desviar o trânsito de veículos na ES-010 para dentro do bairro, a fim de que os motoristas pudessem “sentir na pele” o que passam os moradores diariamente, com as péssimas condições das ruas esburacadas e não pavimentadas, que impedem o acesso ao transporte coletivo e em alguns casos até do escolar.
O protesto iniciou na aurora desta sexta-feira (29) e foi concluído por volta das 9h, após a promessa feita pela vereadora Adriana Guimarães, líder do Republicanos no município, de que seu colega de partido e presidente da Assembleia Legislativa, deputado Erick Musso, irá receber a comunidade para encontrar soluções para as pautas de transporte, saneamento e pavimentação.
“A audiência vai ser marcada até o dia 15 de novembro. Vamos quatro moradores do bairro, mais a vereadora Adriana e um secretário municipal, representando a prefeitura”, relata Sueli dos Reis Abrantes, uma das articuladoras da manifestação.
O objetivo do encontro é conseguir que o deputado, que é morador da Praia do Sauê, consiga intervir junto à Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), para garantir o cronograma das obras de tratamento de esgoto.
O convênio, conta a moradora, foi assinado com a prefeitura para tratar a orla toda. Mas ao invés de começar no Rio Preto (limite sul) ou na Vila do Riacho (limite norte), começou pela Barra do Sahy. “O líder do prefeito [Dr. Coutinho – Cidadania] na Câmara é o vereador Jean Pedrini [Cidadania], que mora na Barra do Sahy. Ele puxou o começo da obra pra lá”, conta, reproduzindo o entendimento dos moradores sobre o favorecimento político ao balneário próximo.
Durante o protesto desta manhã, conta Sueli, um caminhão derrubou a fiação do poste em frente à casa do presidente da Assembleia e “em meia hora a EDP chegou e consertou tudo”. Em ocasiões pretéritas, compara, “demorou seis horas para arrumar a fiação”. Esse poder político do deputado, acentua, precisa ser usado para benefício de toda a população.
O saneamento e a pavimentação, explica, são necessários para atender a outra pauta crucial da comunidade, que é o transporte. Por conta das más condições das ruas, o ônibus coletivo não cumpre a rota acordada com a comunidade há três dias e até o transporte escolar não está funcionando como devia.
“Na terça-feira o ônibus largou as crianças no asfalto, incluindo uma de doze anos! A mãe ficou esperando no ponto e a filha chegou andando lá do asfalto. De quem seria a responsabilidade se acontece alguma coisa com essa criança? Do prefeito? Da empresa de transporte?”, questiona, acrescentando que o processo que tramitava na prefeitura para licitação emergencial de ônibus exclusivamente para estudantes foi arquivado. “Ou seja, vai chegar ano que vem e vamos continuar sem ônibus escolar”, reclama.
Há mais de dois meses, um acordo informal foi fechado com a prefeitura, para garantir um novo traçado do transporte coletivo dentro do bairro, já que o atual é inviável para a circulação dos ônibus. Mas até hoje não foi implementado. “Não tem desembargador, não tem juiz, ninguém toca na Expresso Aracruz [empresa que executa a concessão do serviço de transporte coletivo na orla do município]. Eles são inatingíveis”, ironiza.
A justificativa dada pela prefeitura para o atraso, relata Sueli, é a demora do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) em emitir a autorização para a poda de algumas árvores num trecho do novo traçado. “É o que a prefeitura diz. Já tem o material, tudo, mas depende da autorização do Idaf”.