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​Bancada capixaba será acionada contra fragmentação da Ufes

Decisão foi tomada em plenária realizada pela comunidade acadêmica, ignorada por autores da proposta, Neucimar e Evair de Melo

A mobilização contra a criação de uma nova universidade a partir da fragmentação do campus de Alegre, no sul do Estado, pertencente à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), deu mais um passo nessa sexta-feira (5). Em plenária virtual, a comunidade acadêmica deliberou que irá acionar a bancada capixaba no Congresso Nacional para dialogar sobre os impactos negativos da iniciativa.

A plenária foi realizada pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), Sindicato dos Trabalhadores (Sintufes) e Diretório Central dos Estudantes (DCE). Os deputados federais Neucimar Fraga (PSD), Da Vitória (PPS) e Helder Salomão (PT) confirmaram presença. Entretanto, o primeiro, que é um dos autores da proposta de fragmentação, não compareceu, embora tenha afirmado ao Século Diário que estava aberto ao diálogo, o que, segundo a presidente da Adufes, Ana Carolina Galvão, também foi feito em resposta a uma publicação da associação sobre a plenária.
Da Vitória, coordenador da bancada no Congresso Nacional, foi representado por um assessor, que afirmou que as considerações feitas pela comunidade acadêmica serão encaminhadas ao parlamentar. Adiantou, porém, que o mandato se preocupa com a questão de criação de novos cursos, planejamento e orçamento.
Somente Helder Salomão (PT) participou da plenária. Evair de Melo (PP), que também é autor de uma das propostas de fragmentação, afirmou que não poderia comparecer em virtude de “compromissos já assumidos anteriormente”. Entretanto, a Adufes informou que questionou se ele poderia enviar um representante, mas não obteve resposta.
Os senadores Rose de Freitas (MDB), Marco do Val (Podemos) e Fabiano Contarato (Rede) também foram convidados, mas não compareceram. Contarato foi o único que justificou, uma vez que no horário da plenária, estaria em um voo rumo a 26ª Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática (COP-26), em Glagsgow, na Escócia.
A proposta de fragmentação feita pelo deputado Neucimar Fraga consta no PL 1963/2021, que busca a criação da Universidade Federal de Alegre (UFA). A essa proposta foi apensado o PL 2.048/2021, do deputado federal Evair de Melo, com o mesmo objetivo, mas denominando a instituição de ensino a ser criada como Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI).
Helder Salomão manifestou sua posição contrária à fragmentação da universidade. Para ele, o debate deveria ter sido feito pelos parlamentares com a comunidade acadêmica antes da apresentação das propostas. “Precisamos de mais universidades no Brasil e no Espírito Santo, mas o sul já tem uma universidade. O nome dela é Universidade Federal do Espírito Santo. A gente só cria o que não existe. O que está sendo proposto não significa abertura de novas vagas e não pode ser levado adiante sem a pactuação com a comunidade acadêmica, pois fere a autonomia universitária”, ressaltou. Ele propôs que seja feito o debate de criação de uma nova universidade no Estado, mas não a partir de um campus da Ufes.

Durante a plenária, as entidades representativas destacaram sua posição contrária à fragmentação. O professor do campus de Alegre, Gercílio Alves de Almeida Júnior, fez críticas aos projetos de lei, por defenderem que já existe uma infraestrutura para a criação de uma universidade.

“Nós não temos sala para reitor, para sete pró-reitores, não temos nem sala para os professores atuais e um auditório para solenidades como formatura”, diz, destacando também que, no projeto de Evair de Melo, consta que a fragmentação vai incentivar a indústria petroleira no Espírito Santo, sendo que nem há esse tipo de indústria na região. “O que temos é o município de Presidente Kennedy, que recebe os royalties do pré-sal da Bacia de Campos”, salienta.
O vice-reitor da Ufes, Roney Pignaton, também enumerou alguns problemas das propostas de Neucimar Fraga e Evair de Melo, que foram o fato de a iniciativa de fragmentação não integrar um programa específico do Ministério da Educação para expansão da graduação e da pós-graduação; a ausência de projeto de infraestrutura; a não especificação de como se dará a indicação de reitor pró-tempore; e falta de diálogo com a comunidade acadêmica.

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