Filiação ocorre quatro meses depois de o Supremo Tribunal Federal declarar o ex-juiz parcial
O presidente do Podemos no Estado, Gilson Daniel, atual secretário de Governo de Renato Casagrande (PSB), foi um dos cerca de 700 participantes do ato de filiação ao partido do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, na manhã desta quarta-feira (10), em Brasília. A filiação de Moro ao Podemos poderá gerar alterações no cenário político do Estado, caso se confirme a entrada no partido do ex-governador Paulo Hartung (sem partido). Procurado por Século Diário, Gilson Daniel não retornou o contato.
O evento ocorre quatro meses depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar Moro parcial em processos contra o ex-presidente Lula, anulados posteriormente, e reuniu, também, o senador Marcos do Val, alinhado do presidente Bolsonaro, que ficou conhecido como um dos defensores do tratamento precoce para a cura da Covid-19.
A repercussão no Espírito Santo ganha relevância não por conta do senador, mas pela interlocução entre Moro e Paulo Hartung, segundo os meios políticos um de seus conselheiros para a área econômica, embora ele negue, prestes a se filiar ao Podemos, sigla do “Centrão” que tenta se desvencilhar de Bolsonaro. Essa situação poderá ocorrer juntamente com a definição da candidatura do ex-governador, que, como de vezes anteriores, faz suspense se irá concorrer nas eleições de 2022.
Como um dos secretários mais prestigiados do governo Casagrande, adversário político de Paulo Hartung e candidato à reeleição, Gilson Daniel é um dos articuladores do governador junto aos prefeitos. Pré-candidato a deputado federal, formou reduto eleitoral a partir da gestão na Prefeitura de Viana, ampliou os contatos como presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), e hoje comanda o partido que será o palanque de Moro no Estado, se ele for confirmado como candidato à sucessão de Bolsonaro.
Com um discurso de presidenciável, com o apoio de militares, da direita conservadora e representando áreas do capital financeiro que ajudaram a eleger e depois abandonaram Bolsonaro, Sergio Moro destacou que não pretende “um projeto pessoal de poder, mas sim um projeto de país. Nunca tive ambições políticas, quero apenas ajudar”.
Com frases desse teor, nas quais ganharam destaque críticas ao atual presidente, o ex-juiz tenta apagar fatos de sua vida pública, que lhe deram a pecha de “o homem que quebrou o Brasil”, por sua atuação na Lava Jato, operação policial que se transformou em projeto político sob a justificativa de acabar com a corrupção no País.
Durante a operação, ocorreram prisões ilegais, fechamento de algumas das maiores empreiteiras nacionais e da indústria naval, gerando desemprego, além de influenciar diretamente nas eleições presidenciais de 2018. “Todos têm o direito de ter um julgamento justo por um juiz e um tribunal imparciais, e, principalmente, no qual ele possa comprovar todos os comportamentos que foram aos poucos consolidando o quadro fundamental, um cenário diverso que veio a ser desvendado nesse processo, para se demonstrar a quebra de um direito de um paciente”, disse a ministra do STF, Cármen Lúcia, sobre um processo do ex-presidente Lula.
Grupos de juristas e tribunais superiores constataram irregularidades na condução dos trabalhos, objetos de processos aos procuradores, inclusive o chefe das investigações, Deltan Dellagnol, que também se prepara para a disputa eleitoral de 2022, apesar dos processos a que responde.
Só abraça na certeza
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