Primeiro passo é a sanção de lei em Cariacica que reconhece a batalha de rima como cultura popular
O Movimento Hip Hop se articula nas Câmaras de Vereadores e na Assembleia Legislativa, para elaboração de projetos de lei que busquem a valorização dessa expressão artística no Espírito Santo. O primeiro passo foi efetivado com a sanção, pelo prefeito Euclério Sampaio (DEM), da Lei 6.233/21, que dispõe sobre a realização de batalhas educacionais de rima em Cariacica.
Por meio da iniciativa, de autoria do vereador Wesley Moreira de Souza Silva (DEM), o Lei, o executivo determina a difusão da “batalha educacional de rima como movimento de cultura popular, juntamente da realização de suas manifestações próprias vinculadas ao Movimento Hip Hop, sem quaisquer regras discriminatórias nem diferentes das que regem outras manifestações da mesma natureza”.
O apresentador de batalha e educador social, MC Feijó, morador do bairro Vale Esperança e um dos representantes da Família de Rua, organização de abrangência nacional que impulsiona manifestações artísticas urbanas, acredita que a sanção da lei “dará respaldo político para promover atividades, sem ser apontadas como ilegais”.
Ele relata que jovens do Movimento Hip Hop são discriminados, por exemplo, por ter uma maneira de se vestir fora do que foi estabelecido como padrão, fazendo com que passem por problemas como abordagens policiais, além de serem constantemente denunciados para o Disque Silêncio, mesmo que o som não esteja alto e não ultrapasse o horário das 22h.
Dimas MC, que também é um dos representantes da Família de Rua, afirma que a ideia é que projetos semelhantes sejam aprovados em outros municípios e no legislativo estadual, pelo fato de o Movimento Hip Hop “ser muito marginalizado”, mas tece críticas aos vetos feitos por Euclério.
Uma das integrantes do Movimento Hip Hop que poderá colocar seu projeto em prática, por meio de uma lei de incentivo à cultura, é a produtora cultural e historiadora Thays Ferreira, que teve um projeto aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Cariacica João Bananeira. A ideia é fazer um memorial, por meio de intervenção urbana com grafitti, sobre padre Gabriel Félix Roger Maire, assassinado em 1989, com o objetivo de resgatar a história do sacerdote, atuante em diversos movimentos sociais.
MC Feijó informa que o Hip Hop está mais presente, no caso de Cariacica, em bairros como Bela Aurora, Itacibá, Nova Brasília, Flexal e Nova Rosa da Penha. “É nos lugares de maior vulnerabilidade social que ele está, dando orientação social através da poesia, do verso, da música, da dança”, exalta.