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A eternidade do bronze

Quantas estátuas de mulheres você conhece?

Baila no ar um doloroso sentimento de exclusão. A ideia já havia me ocorrido antes e pretendia fazer algumas pesquisas antes de escrever a respeito, para não cometer erros. Mas quem não comete erros? Se a discriminação é óbvia e ululante, por que não denunciar? Quantas estátuas de mulheres você conhece? Nos nomes de logradouros públicos há um pouco mais reconhecimento, mas empalidecem se comparados aos nomes masculinos.

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Merecemos igualdade nas homenagens que o poder público distribui a mãos cheias aos homens da história – nem todos merecedores do privilégio. Até jogador de futebol. Pouco sobra para as mulheres que lutaram por um mundo melhor, sejam elas famosas e importantes, ou as heroínas anônimas e humildes que de alguma forma se dedicaram para o bem comum.

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Graças aos esforços da escritora Bernadette Lyra, uma estátua de Luísa Grimaldi enfeita hoje a Prainha de Vila Velha. É pouco. Quais mulheres capixabas deveriam ter seus feitos eternamente lembrados do alto de um pedestal? A escrava negra, explorada, maltratada, estuprada, humilhada? Temos uma bela estátua de um índio – justa homenagem ao povo que sofreu genocidio em nome do progresso. Esqueceram de pôr uma índia ao lado dele.

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Existem dedicados professores, mas a grande maioria ainda é de professorinhas de curso primário, ganhando um salário ínfimo (por que dizemos ‘ganhando’ se temos que trabalhar para recebê-lo?). Uma estátua para as professoras! Também para Judith Leão Castelo Branco e Maria Veronica da Pas, para citar apenas duas. Todas elas merecem a eternidade do bronze ou do granito.

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