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Associação denuncia descaso com prédios históricos em Guarapari

Moradores apontam que poder público falha na conservação e manutenção desses espaços

Integrantes da Associação Amigos do Patrimônio de Guarapari denunciam a falta de conservação de monumentos históricos na cidade. Os moradores cobram políticas públicas eficientes para conservação dos locais e ações mais concretas da prefeitura para preservação dos monumentos.São locais como o Poço dos Jesuítas, a Casa da Cultura e o Radium Hotel, que só agora está com previsão de ser revitalizado. A coordenadora da associação, Marcia Fonseca, afirma que, quando se trata do patrimônio local, os problemas mais críticos estão relacionados à conservação e às manutenções dos prédios históricos.

“Há um descaso, tanto da parte pública como da privada. Para preservar o nosso patrimônio, a Constituição Federal Brasileira afirma que o poder público, com a colaboração da comunidade, deve promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Cuidar do patrimônio e dar condições para que as pessoas o visitem é obrigação do poder público”, enfatiza.

Esse não é o contexto da Casa da Cultura, por exemplo, localizada em frente à praça Trajano Lino Gonçalves, no Centro de Guarapari. Símbolo histórico do município, o prédio está desativado há anos, tendo sido sede, por último, da biblioteca municipal. Em 2018, o então Secretário de Turismo, Empreendedorismo e Cultura, Edgar Behle, prometeu uma reforma do local, com previsão de orçamento e licitação até o fim do ano, o que não ocorreu. 

Lucyano Ribeiro

Em dezembro de 2019, a Prefeitura de Guarapari informou, mais uma vez, que o projeto de reforma da Casa da Cultura estava sendo finalizado. Rosemary Ventura, que também integra a Associação Amigos do Patrimônio, afirma que, desde então, nada foi feito no local, que está com a estrutura precária. “O telhado está todo ruim. Se aquele telhado desabar, a casa toda desaba”, pontua.

Rosemary acredita que o espaço poderia ser utilizado como um local de incentivo à arte na cidade. “Lá tem uma história bonita. Eles podiam restaurar, contar a história, e ser realmente usado como Casa de Cultura, que nós não temos em Guarapari”, afirma.

Outra preocupação é o Poço dos Jesuítas, construção de 1585 próxima ao Centro de Guarapari, no Morro do Atalaia. Integrantes da associação denunciam a falta de conservação do símbolo histórico, que é alvo até de invasões. Em 2020, uma decisão impediu que um projeto arquitetônico de dois pavimentos fosse construído no local, após mobilização de moradores. 

Lucyano Ribeiro

O Radium Hotel, outro símbolo histórico da cidade, também ficou subutilizado por anos e agora está sob a posse do Governo do Estado, que estuda a revitalização do espaço. No dia 7 de dezembro, o secretário Tyago Hoffmann, da pasta de inovação e desenvolvimento, irá se reunir com a associação para debater o projeto.

Marcia acredita que a prefeitura deveria ser mais severa no cumprimento da lei, tanto no que se refere à fiscalização quanto à colaboração com órgãos competentes para manutenção desses espaços tão importantes para a história da cidade. Integrantes da associação, criada este ano, também têm tentado esse diálogo com o poder público com o mesmo objetivo. “A Associação ainda é muito nova, mas já vem tomando providências cabíveis e entrando em contato com os órgãos responsáveis municipais estaduais e federais, bem como com alguns vereadores que mostraram interesse em colaborar no que for possível”, ressalta.

Para Rosemary, uma cidade como Guarapari deveria explorar mais o próprio potencial turístico, com espaços que possibilitassem o desenvolvimento da arte e cultura local, o que ainda não ocorre. “Aqui tem grupo de teatro, mas eles não têm um teatro para fazer uma peça, eles usam a criatividade e estão fazendo teatro de quintal, mas não tem um espaço destinado a isso. Se tiver um show, uma peça de fora, a gente não tem onde receber. Isso faz falta. O turista tem que chegar aqui e ter o que fazer”, reforça. 

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