Apoio ao ex-presidente Lula conta com a simpatia da cúpula do PSB, com discordância de Casagrande
Enquanto prosseguem em ritmo acelerado as conversações em nível nacional para a formação de uma federação partidária entre o PT-PSB-PCdoB, como reforço à candidatura do ex-presidente Lula à presidência em 2022, lideranças dessas siglas no Espírito Santo mantêm o distanciamento que caracteriza as relações do PT com o governador Renato Casagrande, comandante do PSB capixaba.
Lideranças dos dois partidos preferem evitar o tema, com a justificativa de que a decisão ainda precisa amadurecer antes de ser adotada, o que deverá ocorrer até de maio, prazo final fixado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), considerando o peso eleitoral na campanha para eleger o ex-presidente do Lula, prioridade do PT e líder das pesquisas até agora. A aliança conta com a simpatia da cúpula dos dois partidos, apesar da discordância de Casagrande, secretário-geral da Nacional do PSB.
Defensor de uma terceira via, o governador já chegou a citar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que nessa sexta-feira esteve em Vitória, como um nome para ser apoiado. O presidenciável veio em companhia do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, sendo ciceroneado pelo prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, aliado de Casagrande.
Os dois partidos discutem a tendência de se unirem em uma ou mais federações de centro-esquerda e de esquerda para a disputa das eleições, o que poderá dar abertura para incluir, além do PCdoB, a Rede e o Psol, que também representam barreiras no Espírito Santo.
Quando se trata da Rede, comando Estado pelo ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, a aliança se mostra inviável, atualmente, considerando que a candidatura ao governo dele se aproxima do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), a fim de selar o apoio com Hartung concorrendo ao Senado.
A bancada de deputados federais do PSB, com maioria favorável a uma federação com o PT, já manifestou esse posicionamento ao presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, conforme noticiário da imprensa. Entre lideranças capixabas, no entanto, o tema não passa dos bastidores. O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, evita falar no assunto sempre que questionado, mesmo comportamento da presidente do PT, Jackeline Rocha, e do deputado federal Helder Salomão, que transfere a responsabilidade de comentar o assunto à Executiva Nacional.
As federações
No último dia 8, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso definiu o prazo de seis meses antes das eleições, que serão realizadas em outubro do ano que vem, para que as federações partidárias obtenham o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até maio de 2022, portanto, as articulações entre os partidos deverão estar concluídas, a fim de seguir às normas.
As federações foram criadas para ajudar os partidos menores a alcançarem a cláusula de barreira, regra legal que limita a atuação de legendas que não obtém determinada porcentagem de votos no País. Com a Lei 14.208/21, a cláusula será calculada para a federação como um todo, e não para cada partido individualmente.
A federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral; os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados por no mínimo quatro anos; a federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das convenções partidárias; e terá abrangência nacional.