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MPES cobra dados da vacinação de pessoas com deficiência em Vitória

Em ofício, órgão ministerial alerta que letalidade de pessoas com deficiência em decorrência da Covid-19 voltou a subir

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) quer dados sobre a vacinação de pessoas com deficiência contra a Covid-19 em Vitória. O órgão encaminhou um ofício à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e à Secretaria Municipal de Saúde (Semus), cobrando uma busca ativa da imunização desse público.

Um dos pontos levantados no documento é a taxa de letalidade de pessoas com deficiência expostas à Covid-19. O assunto já tinha sido abordado em uma reunião do Centro de Apoio Operacional de Implementação das Políticas de Saúde (Caops), em maio. Na ocasião, já se discutia a vulnerabilidade desse público.

“Ao analisar os dados encontrados no painel Covid-19, verifica-se que as pessoas com deficiência efetivamente apresentam uma taxa de letalidade de 5,2%, enquanto a taxa de letalidade do público geral é de 2,1%. Ou seja, proporcionalmente, das pessoas que são contaminadas, as pessoas com deficiência morrem mais do que a população em geral”, informa o ofício.

O MPES também destaca a importância da adoção de medidas ativas de busca e identificação de pessoas com deficiência para aplicação de vacinas, além da divulgação de campanhas sobre a prioridade desse público à vacinação.

“Decorrido cinco meses de iniciada a vacinação desse grupo prioritário, os dados constantes do Painel Covid da própria Sesa demonstram que a taxa de letalidade de pessoas com deficiência não caiu, e que após uma rápida estabilidade, voltou a subir”, aponta o ofício.

A instituição solicita ainda que a secretaria informe a quantidade de pessoas com deficiência que foram vacinadas, o número de doses aplicadas, bem como a porcentagem de pessoas com deficiência vacinadas em relação ao número total de pessoas com deficiência no Estado. O ofício também pergunta quais medidas foram adotadas para ampliar o acesso dessas pessoas à vacinação, além de questionar se houve a veiculação de informações sobre o assunto.

Douglas Ferrari, professor do centro de educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em Educação Especial, acredita que a falta de informações prejudica a vacinação de pessoas com deficiência. Para ele, é preciso pensar em medidas de acessibilidade que vão desde os sites de agendamento até os locais de imunização. Ele também destaca a importância de campanhas informativas com a utilização de recursos como a Língua brasileira de sinais e o sistema braille.

“Muitos não entendem, não conseguem acompanhar. Outro ponto importante é o deslocamento. Então é preciso envolver o mão na roda, o porta a porta né? Ter locais em que se possa concentrar a vacinação de pessoas com deficiência, por exemplo. Fazer busca ativa em algumas regiões que às vezes é impossível o deslocamento de pessoas com deficiência”, aponta, citando os programas de transporte destinados a esse público.

Douglas acredita que ainda faltam estratégias específicas para proteção de pessoas com deficiência contra a Covid-19. “Não tem acessibilidade do começo ao fim do processo de vacinação. (..) O problema maior é que continua a morrer pessoas e a Sesa não tem políticas públicas direcionadas, mesmo após várias reuniões”, reitera.

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