Iran Milaneze, dirigente da Pública – Central do Servidor, diz que há sucateamento nos salários
Entidades representativas dos servidores públicos do Estado rebateram o reajuste salarial anunciado nessa quarta-feira (15) pelo governador Renato Casagrande (PSB) e projetaram um colapso no serviço público, incluindo uma greve geral, caso o governo não atenda às reivindicações de reposição salarial, que atingem a 15% nos últimos dois anos. O percentual pretendido pelo governo será em torno de 3,5%, a ser concedido de forma linear a partir do início de 2022, com diferenciação para a área de segurança pública.
A carta aberta à população divulgada nesta quinta-feira (16) representa um “alerta para o problema do sucateamento salarial dos servidores públicos, iniciado na primeira gestão de Casagrande, passando pelas gestões de Paulo Hartung, e mantido no atual governo”, segundo Iran Milaneze, dirigente da Pública – Central do Servidor, destacando que o movimento dos servidores vai permanecer, com assembleias e indicativo de greve.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Contas do Estado (Sindilegis-ES), Leandro Machado, o Lelé, o reajuste anunciado pelo governador é um “verdadeiro absurdo”. Ele relembra que Casagrande, em reunião com sindicalistas antes de sua posse no governo, prometeu cumprir a Constituição e isso não vem ocorrendo. “O Rio de Janeiro, que está quebrado, concedeu 10% de reajuste a seus servidores; já o Espírito Santo, com uma receita vultosa, com crescimento impressionante em arrecadação, não se aproxima da inflação deste ano, que passa dos 10%. O governador não está cumprindo a Constituição”, reforça.
Na carta, as entidades dos servidores públicos apontam para a “possibilidade de encaminhamentos legais que visam a garantir nossos direitos”, e destacam que “o governador Renato Casagrande assumiu seu mandato em 2019 e se comprometeu em garantir o direito constitucional da revisão geral anual e ainda repor as perdas salariais. Passados três anos, o seu governo acarretou num aumento das perdas, chegando a assustadores 55,9%”.
Para os servidores, a falta de reposição salarial tem levado servidores a dificuldades na subsistência de suas famílias, precisando fazer “bicos” e serviços extras. “Diferente do propagado pela mídia, a maioria dos servidores recebe abaixo dos R$ 2 mil, muitos praticamente próximos ao salário mínimo”, diz a nota.
O documento reafirma que “as inúmeras entidades de classe de servidores públicos deste Estado não aceitarão índices de recomposição inflacionária abaixo do valor indicado pelo IPCA” e fazem um alerta ao governador que “indicadores no patamar de 5% ou 6 % são inadmissíveis e irão gerar reação contundente das categorias”.
“Destacamos que a recomposição inflacionária é um direito constitucional e que o Estado possui condições fiscais e financeiras capazes de conceder a inflação acumulada do ano, em torno de 10,67%, sem comprometer as contas públicas”, aponta a carta, que ressalta o direito legal da recomposição.
“A negativa causará um colapso nos serviços públicos diante a desvalorização salarial provocar um desligamento de profissionais de excelência nos serviços públicos e a insatisfação, podendo acarretar em movimentos reivindicatórios contundentes como greve geral”, diz a carta, que conclui: “Governador, respeite os capixabas, respeite os servidores”.