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Governo anuncia seleção de empresas interessadas na compra da Banseg

Comitê em Defesa do Banestes critica comunicado “no apagar das luzes de 2021”, dificultando mobilização da categoria

A gestão de Renato Casagrande (PSB) emitiu fato relevante ao mercado, no qual anuncia que “promoverá processos de seleção para realização de parcerias comerciais buscando potencializar sua atuação em negócios de seguridade”. O comunicado diz respeito à venda da Banestes Seguros (Banseg), destacando que as empresas interessadas em comprá-la devem entrar em contato com o Banco Genial até do dia três de janeiro, o que tem sido questionado pelo Comitê em Defesa do Banestes Público Estadual.

Jonas Freire, secretário geral do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários/ES), entidade que coordena o Comitê, critica que o comunicado tenha sido feito “no apagar das luzes de 2021”. “Nos preocupa um prazo tão curto, que abrange um período de festas de fim de ano e recesso parlamentar e do judiciário”, diz. Ele explica que nesse período o prosseguimento das articulações com os parlamentares se torna impossibilitado e há mais dificuldade para adotar medidas judiciais.

O primeiro fato relevante foi publicado no dia 14 de julho, quando foi informado que seria feita a venda da seguradora, sendo que no dia 17 do mês seguinte foi confirmado o nome do Banco Genial como assessor financeiro encarregado de fazer a avaliação da seguradora e indicar, entre as candidatas, a empresa considerada mais qualificada para assumir as operações da Banseg. Porém, uma semana depois, os fatos relevantes foram cancelados, fazendo com que o processo fosse reiniciado do zero em 13 de outubro, com um novo fato relevante, confirmando o Genial como assessor financeiro.
O Comitê iniciou, em 11 de dezembro, um abaixo-assinado contra a venda da seguradora. A primeira coleta foi na feira de Jardim da Penha, em Vitória. A segunda, nesse domingo (19), na feira de Aribiri, em Vila Velha. A ideia é circular por todo o Estado, com o auxílio de entidades da sociedade civil, como igrejas, sindicatos e movimentos sociais. “Conseguimos até o momento mais de 200 assinaturas. As pessoas estão entendendo e apoiando nossa campanha”, informa Jonas.
Foto: Sérgio Cardoso/Sindibancários

O secretário-geral do Sindibancários afirma que a iniciativa será “uma grande união da sociedade civil organizada contra a privatização da seguradora”. Ele aponta a necessidade de “denunciar o dano ao patrimônio público e o descumprimento do compromisso firmado por Renato Casagrande nas eleições 2018, quando garantiu que não privatizaria o banco público estadual”.

Jonas aponta que a seguradora contribui com 10% do lucro do banco e que, nos últimos cinco anos, repassou cerca de R$ 37 milhões para o governo do Estado, que tem 92% das ações, mas quer vender 51%, tornando-se acionista minoritário. “São recursos que retornam à sociedade em forma de investimentos em áreas como saúde, educação, saneamento e assistência social. Não tem justificativa para vender um patrimônio público de mais de meio século, que goza de credibilidade, é viável e rentável”, destaca.

Em janeiro, quando as praias passam a ser mais procuradas pela população, o Comitê também fará ações nesses locais, não somente com coletas de assinaturas, mas também com distribuição de brindes alusivos à campanha contra a privatização da Banseg.
Outra aposta do Comitê é a participação em Tribuna Livre das Câmaras de Vereadores. O sindicato já ocupou o espaço na capital Vitória e em Colatina, noroeste do Estado. Nesta terça-feira (21) será a vez de Cachoeiro de Itapemirim, no sul. Jonas informa que a ideia é buscar outros municípios, como os demais da Grande Vitória; Linhares, no norte; e Castelo, na região serrana.
Na Assembleia Legislativa, o Comitê pleiteia uma audiência pública “para fazer um debate mais aprofundado”, além de dialogar com os deputados estaduais para que se posicionem contrários à venda.
O secretário-geral do sindicato relata que foi contratado um consultor para analisar de maneira mais aprofundada o processo de privatização e os impactos da venda da seguradora para o Espírito Santo e o sistema Banestes. Ele critica ainda que não há transparência a respeito da venda da Banseg.
Criado na década de 90, o Comitê foi rearticulado este ano devido ao anúncio da venda de parte das ações da Banseg. A iniciativa surgiu no governo do presidente Fernando Collor de Melo, em virtude da ideologia privatista que ele defendia. Entretanto, ganhou força no de Fernando Henrique Cardoso, quando foram privatizadas diversas empresas, entre elas, bancos estaduais.
O próprio Banestes quase passou por um processo de privatização na gestão do ex-governador José Ignácio Ferreira e no primeiro mandato do ex-governador Paulo Hartung, que tentou vender o banco em uma negociação com o Banco do Brasil.

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