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Fiocruz: ‘Imunização de crianças é estratégica para aumentar cobertura vacinal’

Governo do Estado é favorável à imunização infantil, mas depende da gestão federal

Governo Federal

Um estudo divulgado nesta terça-feira (21) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta a imunização de crianças como uma das estratégias para driblar a estagnação do ritmo de vacinação contra a Covid-19 no País. No Espírito Santo, a Secretaria de Saúde (Sesa) defende a vacinação do público infantil, já autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda depende do governo federal.

A pesquisa identificou uma desaceleração no ritmo de aplicação da primeira dose contra a Covid-19, o que pode indicar que o País está próximo de atingir o número máximo de pessoas que podem se vacinar. Isso porque, de acordo com a fundação, no momento, aproximadamente 85% dos brasileiros podem se imunizar contra a doença, considerando todas as pessoas acima de 11 anos e estudos sugerem que 74,95% da população já recebeu a primeira dose.

A Fiocruz aponta que esse ritmo de aplicação vem caindo desde setembro. Uma das estratégias apontadas como solução para romper com essa estagnação é a ampliação das faixas etárias elegíveis para serem imunizadas, permitindo a vacinação de crianças, bem como o alcance de pessoas que vivem em locais remotos.

A imunização de crianças de 5 a 11 anos de idade no Brasil já é aprovada pela Anvisa desde a última quinta-feira (16), quando a instituição autorizou o uso da vacina da Pfizer na faixa etária. O anúncio foi feito após uma análise técnica de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório, que confirmaram que o imunizante é seguro e eficaz para o público infantil. 

A aplicação da vacina nessa faixa etária também foi indicada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que participaram da análise feita pela Anvisa, e ainda pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI Covid-19).


O governo federal, no entanto, resiste em incluir o público pediátrico na campanha de vacinação, protelando as decisões para janeiro. O Ministério da Saúde ainda não solicitou a compra de doses específicas para a faixa etária, que serão duas de 10 microgramas, num intervalo de 21 dias.

No Espírito Santo, a imunização de idades pediátricas contra a Covid-19 também já é defendida pela Secretaria de Saúde (Sesa) há alguns meses. O posicionamento foi reforçado nessa segunda-feira (20) pelo subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, em coletiva de imprensa realizada em Viana. De acordo com ele, os municípios capixabas já estão preparados para aplicação de vacinas em crianças, mas o Estado depende do governo federal.

Reblin informou que o Espírito Santo conta com cerca de 390 mil crianças, mas mesmo sendo favorável, não há disponibilidade de aquisição, o que precisa ser definido pelo Ministério da Saúde. “Esperamos que antecipe as compras para começar a vacinação das crianças no início de janeiro, até por causa do início das aulas. Os municípios estão preparados”, apontou.

O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, defendeu também a aplicação da vacina Coronavac no público infantil. Em outubro, ele já havia criticado a postura passiva do governo federal em relação ao assunto, apontando que a segurança dos imunizantes já era um consenso na comunidade científica.

“Temos vacinas para crianças. É uma urgência a plena cobertura vacinal da população (90%) e a redução de risco na idade pediátrica. Imunidade de rebanho não deve ser política sanitária para nenhum grupo etário, temos vacinas. Temos a #coronavac, disponibilidade imediata no Brasil”, disse em uma publicação nas redes sociais nessa segunda.

Dados do Painel Covid-19 indicam que, no Espírito Santo, 10.064 casos de Coid-19 foram registrados entre crianças de 0 a 4 anos, enquanto 10.137 entre 5 e 9 anos. Nas duas faixas etárias, 21 mortes foram causadas pela doença no Estado.

Inércia federal

Apesar de todas as aprovações, o governo federal segue demonstrando lentidão para incluir o público infantil na campanha de imunização. Nessa segunda-feira (20), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que outras consultas são necessárias e que “a pressa é inimiga da perfeição”.

De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), desde o início da pandemia, 1.449 crianças de 0 a 11 anos morreram com Covid-19 no Brasil. Em uma decisão unânime, o conselho também se manifestou favorável à inclusão da população pediátrica na campanha nacional de vacinação, principalmente por já ter sido autorizado pela Anvisa.

“A decisão baseia-se nos dados epidemiológicos nacionais e internacionais sobre o impacto da Covid-19 nas diferentes faixas etárias, considerando o risco de infecção, transmissão, e agravamento (hospitalização e morte); dados de ensaios clínicos, sobre imunogenicidade, reatogenicidade, segurança e eficácia das vacinas de diferentes fabricantes na população pediátrica em distintos países do mundo, além de informações sobre a segurança desses imunizantes em larga escala”, diz nota técnica da instituição.

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