A parte profunda da internet de endereços não indexados por mecanismos de busca
A chamada Surface Web (World Wide Web ou internet) é a internet indexada que temos o costume de acessar quando usamos os mecanismos de buscas como Google, Bing e outros. Na internet de superfície, temos serviços essenciais, redes sociais, lojas e canais de entretenimento, dentre outras modalidades e fontes diversas de informação e conhecimento.
Abaixo desta Surface Web temos a Deep Web, que tem uma pequena parte de domínios não indexados que fazem parte da Dark Web. A Deep Web é tudo que engloba partes da internet que não são vistas ou acessadas livremente.
Contudo, agora a Deep Web se define como a parte profunda da internet de endereços não indexados por mecanismos de busca, muitas vezes por motivos de segurança e privacidade. Na Deep Web pode ter conteúdos referentes à própria manutenção da rede, e que então não podem ser acessados por pessoas comuns, sendo acessível apenas para aquelas pessoas que possuam este endereço e credenciais.
Tais endereços podem incluir aqui bancos de dados acadêmicos, registros médicos, financeiros, artigos científicos, informações sensíveis e sigilosas de segurança nacional, podem também servir como repositórios de algumas ONGs, dentre outras modalidades.
A Deep Web, embora seja a região da internet com domínios e endereços não indexados, pode ser acessada pelo usuário comum diretamente, usando login em um navegador comum. Contudo, para não ter o seu acesso rastreado, este mesmo usuário pode usar uma rede de proteção como o Tor, que é um software livre e de código aberto, e este software tem a dupla função de proteger o usuário de rastreamento e de oferecer acesso a sites da internet que se encontram na Deep Web.
Antes do advento da internet já existiam as chamadas darknets, que eram redes secretas de circulação de informações sigilosas, estas que surgiram ainda nos tempos da Arpanet, com endereços que não apareciam nos índices oficiais de laboratórios, universidades e bases militares. Tais endereços recebiam dados da Arpanet, contudo, não estavam abertas e nem enviavam informações para fora.
Durante a década de 1980, o compartilhamento de conteúdos privados e ilegais passou a usar servidores de lugares com leis mais flexíveis, e hoje temos estes servidores sendo explorados por sites de pirataria. E na década de 1990, na popularização da internet, e o surgimento da web como forma centralizada da internet, foram criadas novas estratégias para proteção de informações, e então surgiu a Deep Web.
O desenvolvimento da Deep Web foi feito pelo Laboratório de Pesquisas da Marinha dos EUA, então foi criado o The Onion Routing, sendo que “onion” significa “cebola” e é uma alusão às camadas que devem ser atravessadas para chegar ao conteúdo em um site da Deep Web.
Esta forma de mascarar a identidade online tirando o rastreamento do usuário foi desenvolvida pelos cientistas Paul Syverson, Michael G. Reed e David Goldschlag. Em 2002, por sua vez, foi lançada uma alternativa do projeto para fins não-governamentais que recebeu o nome de Tor (a sigla de The Onion Routing), sendo liberada para uso em 2003.
O Tor também passou a ser usado para acessar a área criminosa da Deep Web, a chamada Dark Web, e os domínios das páginas navegadas no Tor não são construídos em formato HTML, dificultando o seu acesso, terminando em ponto onion (.onion).
O sentido de onion pode ser descrito que, na Deep Web, cada roteador pelo qual a conexão passa criptografa uma camada, e para decifrar o caminho deste usuário para chegar à mensagem original, portanto, o rastreamento teria que solucionar todas as outras codificações — as camadas. Por fim, a The Hidden Wiki (a wiki escondida) é o índice mais famoso com links para navegação na Deep Web.
O FBI (Federal Bureau of Investigation), em parceria com outras instituições, tenta rastrear as atividades criminosas na Deep Web, a chamada Dark Web, crimes muitas vezes que estão expostos em fóruns desta internet não indexada. Na China, há casos de usuários que usam o Tor para driblar o firewall do país e a própria Wkileaks recebeu material vindo da Deep Web.
Por outro lado, muito de nosso acesso comum faz parte da Deep Web, como nosso e-mail, informações bancárias online, contas privadas de redes sociais, e também sites de streamings pagos. Por fim, a Deep Web reúne qualquer conteúdo que resida por trás de paywalls, formulários de autenticação, logins e senhas.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
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