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‘Como decidir sobre o carnaval de rua sem diálogo com os organizadores de blocos?’

Proibição decidida pela prefeitura de Vitória pode gerar aglomerações sem qualquer controle sanitário, alertam organizadores

Prefeitura confirmou apenas os desfiles das escolas de samba no Sambão do Povo. Foto: Redes Sociais/Bloco Afro Kizomba.

Integrantes da Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão) reclamam da falta de diálogo sobre a realização do Carnaval de Rua em Vitória este ano. Na tarde dessa quinta-feira (06), o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) anunciou o cancelamento dos eventos, mantendo apenas o desfile das escolas de samba no Sambão do Povo. “Fomos pegos de surpresa”, afirma Carlos Felipe da Penha, integrante do Blocão e fundador do Puta Bloco.

Na coletiva de imprensa, Pazolini afirmou que o cenário epidemiológico não permite a realização dos desfiles nas ruas, tendo em vista que não seria possível fazer o controle sanitário dos eventos. De acordo com a prefeitura, um estudo está sendo realizado para analisar a possibilidade da realização de eventos em locais delimitados.

Para Carlos Felipe, no entanto, faltou diálogo antes da definição. Ele explica que a liga está em conversa com a Secretaria de Cultura desde julho de 2021 para sistematizar ações e estudar a possibilidade de realização dos blocos de rua de forma controlada, por isso o anúncio sem nenhum diálogo foi uma surpresa.

“Como falar sobre a possibilidade de um carnaval em local fechado com os blocos sem um diálogo prévio com os fazedores do carnaval de rua? Sem apresentar uma proposta ou um modelo para esses blocos? (…) Ainda aguardamos uma resposta ao ofício que protocolamos em dezembro solicitando informações sobre os andamentos das demandas do carnaval de rua”, cobra.

Sandra Oliveira, coordenadora do bloco Afro Kizomba e também integrante da liga, informa que o ofício foi protocolado no último dia 30, mas não foi respondido pela prefeitura antes do anúncio do cancelamento. “A gente não foi nem convidado para a entrevista coletiva como os representantes das escolas de samba foram. Fomos desconsiderados enquanto fazedores do carnaval de rua”, aponta.

Para ela, uma das consequências da decisão pode ser a aglomeração espontânea de pessoas nas ruas. “A gente nunca negou que essa proteção sanitária deveria ser pensada com antecedência, por isso estávamos em diálogo com a Secretaria de Cultura (…) Acontece que é uma manifestação popular. As pessoas podem ocupar as ruas mesmo sem a autorização. E aí qual controle que a prefeitura vai ter? A gente tem essa preocupação”, questiona.

Carlos Felipe aponta que a ideia dos organizadores era só sair para as ruas com a garantia da segurança dos integrantes dos blocos e dos foliões, considerando os índices apresentados por especialistas. “Solicitamos em nossa última reunião com a secretaria de cultura um encontro com toda a ‘comissão organizadora do carnaval de rua’, inclusive com a Secretaria de Saúde, para que pudéssemos avaliar a possibilidade dos desfiles dos blocos e em que moldes esse desfile poderia acontecer porém até o momento não tivemos retorno sobre essa demanda solicitada”, explica.

O integrante do Conselho de Cultura afirma que a liga se preocupa com os rumos que o Carnaval deste ano está tomando. “Mais uma vez, a pandemia escancara a desigualdade social, dando acesso à folia apenas para aqueles que podem pagar por ela. A não existência de um carnaval regulamentado e com acesso democrático pode ocasionar, assim como no ano novo, a ida da população a rua sem nenhum tipo de proteção sanitária e acabar com a repressão policial em cima desses que não tiveram acesso à folia”, destaca.

Ele destaca ainda que os blocos movimentam a cadeia produtiva do Carnaval, gerando emprego e renda para o comércio local, ambulantes, motoristas de aplicativos, setor hoteleiro e demais trabalhadores que aproveitam o período para complementar a própria renda. “Estamos aguardando o convite para uma conversa com a gestão municipal para que possamos juntos entender e definir as ações voltadas para o carnaval de rua 2022, de forma a atender aqueles que são protagonistas dessa folia, os blocos e toda a cadeia produtiva nela envolvida”, destaca.

Carnaval no Sambão do Povo

O desfile das Escolas de Samba no Sambão do Povo foi confirmado na capital. De acordo com a prefeitura, a decisão foi tomada após Vitória ter sido classificada, na quarta-feira (5), como a primeira cidade na região metropolitana a alcançar o risco muito baixo para a transmissão da Covid-19, tendo imunizado toda a população adulta com mais de 18 anos com as duas doses ou dose única da vacina.

O desfile acontecerá entre os dias 17 e 19 de fevereiro e cobrará o passaporte de vacinação contra a Covid-19 de todos os participantes. Quem quiser assistir aos desfiles deverá comprovar a aplicação das duas primeiras doses de um imunizante ou dose única, além da apresentação do teste RT-PCR negativo, feito nas últimas 72 horas antes do evento.

“Os desfilantes e os trabalhadores das Escolas de Samba deverão adotar os mesmos critérios, mas com credenciamento prévio, feito nas quadras de cada escola, sob supervisão e controle da Liesge [Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial]’, informou a prefeitura.

Nas portarias do evento, que levam aos setores de arquibancadas, mesas e camarotes, também será feito o controle de acesso dos espectadores nas noites de desfiles. “Para aqueles que comprarem ingressos na bilheteria do evento, se houverem ingressos disponíveis, será necessária a apresentação do comprovante de vacinação e do resultado de teste negativo para covid-19, no ato da compra”, informou o município.

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