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‘É urgente discutir testagem e adiamento das aulas’, orienta Ethel Maciel

Vacinas pediátricas finalmente chegaram ao Estado, a menos de três semanas do início do ano letivo

Com a chegada no Estado, finalmente, das vacinas para imunização das crianças, os municípios intensificam organização para a aplicação das doses o mais rápido possível e anunciam a abertura de agendamentos para este sábado (15), como é o caso de Cariacica e Vitória.

As primeiras 24 mil doses da Pfizer destinada ao público pediátrico desembarcaram no aeroporto de Vitória na tarde desta sexta-feira (14), após sofrer atraso em relação ao prazo previsto inicialmente, que seria a noite de quinta-feira (13). Nesse primeiro momento, serão vacinadas prioritariamente as crianças indígenas, com comorbidades e com deficiências.

Ascom Sesa

A chegada dos imunizantes, porém, mantém aceso o debate sobre a necessidade de adiar o início do ano letivo de 2022, estabelecido para o dia três de fevereiro pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). 

A expectativa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) é que somente em março teremos todas as crianças de cinco a onze anos do Estado imunizadas com a primeira dose. Até o momento, no entanto, o gestor capixaba da Sedu e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação (Consed), Vitor de Angelo, não demonstrou qualquer interesse em adiar essa data, de modo que as crianças possam ir para as salas de aula ao menos com quinze dias após a aplicação da primeira dose.

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Em entrevista à Rádio Eldorado, do grupo Estadão de jornalismo, a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pós-doutora em Epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, defendeu a urgência de se discutir o adiamento do retorno das aulas e um programa de testagem da comunidade escolar. 

A Século Diário, a cientista reforçou a proposta. “O governo federal está pressionando a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] pra liberar o autoteste. Mas não adianta ter na farmácia pros ricos comprarem, tem que ter uma política de testagem. Quem vai ter prioridade? Eu penso que deve ter prioridade as famílias de crianças cadastradas no SUS [Sistema Único de Saúde] que ainda não foram vacinadas”, defende. “Cada família receber um quantitativo por mês, suficiente pra um teste por semana, por exemplo, e receber toda a orientação necessária: se testar positivo, ficar em casa. A escola também notificar os casos”, explica. 

No Reino Unido, contextualiza, as crianças são testadas duas vezes por semana desde a chegada da Ômicron. No Brasil, porém, nunca foi implementado qualquer programa de testagem sistemática, nem da comunidade escolar nem de qualquer público. “Nem no Espírito Santo, que é o estado que mais testa, nunca tivemos um programa de testagem que priorizasse a educação. Educação é prioridade!”, reivindica. 

“Precisamos urgentemente de um programa de testagem pra ter um ambiente seguro nas escolas. Como vamos fazer? Uma vez por semana todo mundo? Por amostragem? Temos que ter um plano!”, reforça, destacando que a Ômicron é a variante mais transmissível até agora. “A variante Delta dobrava o número de casos a cada duas semanas. Era muito transmissível. A variante Ômicron já temos o dobro dos casos em 3 dias. E um problema maior- a taxa de reinfecção, dados preliminares: 3 a 8 vezes o risco de reinfecção. A situação vai ficar muito difícil”, alertou em sua conta no Twitter. 

No Reino Unido, conta Ethel, onde os dados sobre a pandemia são abertos e atualizados com boa velocidade, é possível ver o grande aumento de internações de crianças em decorrência da nova variante. No Brasil, as crianças com até quatro anos são 3% da população e as de cinco a onze, 10%. “É um público muito grande, precisamos ter muito cuidado”.

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