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Projeto da Ufes monitora atividade pesqueira no Espírito Santo e Minas Gerais

Mapeamento é focado na região na calha do Rio Doce e litoral capixaba

Divulgação/Ufes

Um site lançado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) disponibiliza dados sobre a atividade pesqueira no Espírito Santo e cidades de Minas Gerais. A pesquisa coleta e organiza informações técnicas e econômicas sobre a atividade, além de identificar o perfil socioeconômico dos pescadores.

O site foi lançado na última segunda-feira (10), mas faz parte de uma pesquisa que começou em 2021. O projeto é uma parceria entre os pesquisadores do Laboratório de Pesca e Aquicultura (LabPesca), do campus da Ufes em São Mateus, e o Instituto de Pesca, uma organização pública de pesquisa científica de São Paulo. A ideia é coletar dados sobre os recursos naturais disponíveis para pesca, servindo de base para gestores e instituições.

“A gente sabe a produção do café no Espírito Santo, a gente sabe onde está a produção agrícola de diversos segmentos, só que da atividade pesqueira a gente não tem informação nenhuma. A última informação é de 2011. É quase impossível desenvolver um setor econômico se você não tem informação. Então o projeto tem essa premissa principal, de levantar informações reais sobre a pesca no Estado do Espírito Santo para que a gente possa fomentar a atividade pesqueira de forma correta”, enfatiza o gerente técnico da pesquisa, Joelson Musiello Fernandes.

Intitulada “Monitoramento e caracterização socioeconômica da atividade pesqueira do Rio Doce e litoral do Espírito Santo”, a pesquisa está presente nos municípios de Anchieta, Aracruz, Conceição da Barra, Guarapari, Itapemirim, Linhares, Piúma, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Na bacia do Rio Doce, também estão sendo monitorados os municípios capixabas de Baixo Guandu e Colatina e os mineiros Aimorés, Conselheiro Pena, Governador Valadares, Periquito, Resplendor e Tumiritinga.

Para realização da coleta, a pesquisa conta com agentes de campo que fazem contato direto com os pescadores. Os agentes são moradores da própria região, pessoas que de alguma forma são próximas da atividade pesqueira. “Todo dia, quando o pescador volta do mar, o nosso agente de campo entrevista o pescador, para saber o que pescou, onde pescou, com qual apetrecho de pesca usou e quanto foi de rentabilidade naquela pescaria”, explica o pesquisador.

Em seguida, o próprio agente de campo coloca os dados no sistema para que os dados sejam analisados. Para Joelson, além de proporcionar mais informações sobre a atividade, o projeto também é uma forma de valorizar a cultura da pesca no Estado e os saberes do próprio pescador.

“O pescador consegue relatar e passar pra gente uma percepção do meio ambiente. Isso é muito interessante, muito bonito de ver. Como eles conseguem ter uma relação com a natureza tão bonita, tão singular. Sabem quando vai chover, sabe qual é a safra daquele ano, sabe qual é a influência da lua em determinado pescado, sabe qual é a influência do vento, então esse conhecimento tradicional que a gente quer valorizar”, enfatiza.

As pesquisas também poderão proporcionar dados sobre os impactos do rompimento da barragem de Mariana entre os pescadores, já que as áreas analisadas estão entre as atingidas pelo crime ambiental Samarco/Vale-BHP, em 2015, considerado o maior da história brasileira.

Em dezembro, um pescador de São Mateus relatou ao Século que, após o crime socioambiental, a produção não é a mesma. “Antes disso tudo, nós juntávamos aí por semana 150 kg, 200 kg de peixe. Hoje, para juntar 30 kg, 20 kg de peixe na semana, dá trabalho. Isso quando encontra ainda. Tem semana que você mal pega pra comer”, disse Clenildo Nascimento dos Santos na ocasião.

As informações da pesquisa da Ufes estão disponíveis no site do projeto, no endereço https://pesca.ufes.br/

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