Governador admite possibilidade de incluir polo tecnológico para apoio da iniciativa privada na conclusão das obras
O IAB-ES listou três motivos para se opor a essa possibilidade, apontada como alternativa caso o processo para retorno das obras da construtora contratada não siga adiante. Segundo o grupo de arquitetos, uma das razões é que a alteração do uso do projeto minimizaria a utilização do grande museu e do teatro para o transformar em espaço destinado à inovação e negócios, que atenderia a apenas alguns setores da sociedade.
O segundo motivo alegado é que essa modificação, que envolveria alterar a estrutura concebida para o Cais das Artes, poderia limitar as atrações do espaço, afetando o turismo e a arrecadação em torno deste setor e da arte e cultura. Por último, a entidade pontua que a modificação do uso exclusivo para museu, teatro e atividades culturais impactaria na criação e desenvolvimento de grandes espetáculos e produções por parte de artistas locais.
Depois da construção não ter sido retomada no prazo prometido pelo governo, em outubro de 2021 o IAB-ES lançou uma campanha pelo retorno das obras no Cais das Artes, com um ato em frente ao local, no qual a entidade fixou uma mensagem nos tapumes da construção. Como parte da campanha, o órgão de arquitetos também lançou um vídeo nesta quarta-feira (19) que faz parte da campanha pelo retorno das obras no Cais das Artes. Além do impacto para o setor cultural, o projeto é considerado também de grande valor arquitetônico, tendo sido desenvolvido pelo arquiteto capixaba de renome mundial Paulo Mendes da Rocha, falecido em 2021, aos 92 anos, sem ter visto a obra finalizada.
Com grandes construções em concreto e um amplo vão central à beira da Baía de Vitória, ele considera que a obra, por sua localização, porte e concepção arquitetônica, é de fazer inveja a projetos de outras grandes cidades do Brasil e do mundo. Vitória, é certo, não possui outro espaço tão privilegiado, por sua centralidade geográfica, paisagem, com vistas para o Convento da Penha e Terceira Ponte, ícones do Estado e um entorno que possui a Praça do Papa, o Projeto Tamar, o Instituto Baleia Jubarte, restaurantes e outros locais, reforçando a possibilidade de fortalecimento de um eixo com base no turismo, cultura e meio ambiente. Para o arquiteto, o Cais das Artes poderia ser âncora de um projeto que inclua boa parte da orla da capital, desde Jardim Camburi até a Ilha das Caieiras.
Eduardo conta que teve oportunidade de conversar algumas vezes com Paulo Mendes das Rocha e aponta que o projeto arquitetônico está repleto de conceitos que foram pensados para o tipo de uso para o qual foi contratado. Além disso, teme que a nova proposta estudada pelo governo para a finalização das obras e formação de um polo tecnológico possa desfigurar a proposta original de uso público do espaço.
Para o arquiteto, o local deve servir para mostrar, aos capixabas e visitantes, a identidade, a representatividade e a diversidade que compõem a formação do Espírito Santo e seu povo. Também aponta a necessidade de criação de um comitê gestor para definir melhor o projeto de uso para o Cais das Artes.