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Aulas presenciais: estudantes não vacinados deveriam aguardar duas semanas

Ethel Maciel pede escalonamento no pico explosivo da Ômicron. Impacto pequeno na educação e grande na saúde

“Vamos seguir as medidas de prevenção e, preferencialmente, se for possível, esperar por duas semanas [para o retorno presencial de estudantes não vacinados]. O impacto pedagógico seria muito pequeno e o impacto na saúde pode ser muito grande. Fazer um escalonamento tem essa intenção, de deixar passar esse ‘pico explosivo’, principalmente para aqueles que não estão vacinados”.
A recomendação é da doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Universidade Jonhs Hopkins, nos Estados Unidos. E é feita na véspera da data – quinta-feira (3) – estabelecida pelo governo do Estado para o retorno presencial de 100% dos estudantes capixabas.
Em vídeo postado nas suas redes sociais na tarde desta quarta-feira (2), a cientista afirmou os principais pontos do discurso governamental em favor da abertura das escolas do país no momento de expansão da quarta onda de Covid-19, para em seguida, a partir desse ponto em comum, ressaltar que a prudência e o bom senso pedem que estudantes não vacinados aguardem cerca de duas semanas, quando, estima-se, terá início a fase de estabilização da curva de casos e talvez até de infecções.
“Primeiro, lugar de criança é na escola. Segunda coisa: o Brasil não preparou suas escolas com as medidas que nós já sabemos e que poderiam ter sido implementadas”, iniciou a argumentação. “Todos nós concordamos que educação é prioridade e que a gente precisa para isso dar mais centralidade às escolas. Tanto em investimento quanto em medidas de prevenção, orientação, informação”, prosseguiu.
A cientista também concorda que “a escola é um espaço privilegiado” para informar as melhores medidas de prevenção da pandemia, incluindo sobre a segurança e eficácia da imunização das crianças para alcançar uma cobertura vacinal mínima de 90% da população.
“A escola é importante para orientar as famílias que ainda estão indecisas, que ouviram muita fake news e não sabem se devem vacinar as crianças. É importantíssimo que nesse momento, para que esse espaço seja seguro para todos, que a vacinação das crianças seja feita”.
Lembrando que “todos os trabalhadores da Educação já estão vacinados, com a dose de reforço”, Ethel recomenda a exigência do passaporte vacinal das pessoas que convivem no ambiente escolar, incluindo de crianças e adolescentes.
Programas de testagem
A testagem periódica nas escolas é outro ponto central nas recomendações da cientista capixaba. Como não há testes em abundância no país, a prioridade seria testar as crianças que ainda não conseguiram ser vacinadas nessa etapa do programa de imunização. O teste da saliva, inclusive, seria o mais recomendado para as faixas etárias iniciais, mas infelizmente, “não tivemos esse tipo de investimento aqui no Brasil”, lamentou. “Fica difícil comparar com outros lugares que investiram muito nisso, que distribuem kits de autotestagem para crianças em idade escolar…nada disso aconteceu”.
‘Comparação infeliz’
A epidemiologista também tocou numa abordagem muito equivocada e comum, que é dizer que as escolas não podem fechar, já que todas as demais atividades sociais e econômicas estão funcionando com pouca ou nenhuma limitação de público.
“É muito difícil comparar pessoas que já estão vacinadas com a dose de reforço com crianças que não têm vacinação nenhuma. Um tipo de comparação que os alunos estão aglomerando, saindo, se divertindo, e que escola precisa ficar aberta, é algo que não tem absolutamente nenhuma comparação. Com a exigência do passaporte vacinal em vários locais, a gente tem um risco muito menor do que em lugares onde as pessoas não vacinadas propiciam a maior transmissão e contágio. Essa comparação deve ser evitada, é infeliz. Principalmente quando vem de autoridades”, pontuou.
Os números, sublinhou, mostram que a comparação é equivocada, pois em todo o mundo, as internações e mortes ocorrem numa proporção muito maior entre pessoas não vacinadas. Foi inclusive o que declarou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, ao mencionar as conclusões da análise feita pelo governo dos primeiros 152 óbitos registrados em janeiro pela Covid-19: pessoas não vacinadas têm de 36 as 50 vezes mais risco de morrer de Covid-19 do que as vacinadas.
O fim da pandemia, afirmou Ethel, ainda requer “um caminho pra percorrer. Precisamos finalizar essa onda da Ômicron. Ainda estamos na expansão dela, na maior parte dos estados, então ainda é um momento de preocupação, de prevenção, principalmente com aqueles não vacinados”.
Finalizando, a cientista reafirmou o pedido para que as famílias vacinem suas crianças e adolescentes. “Entre Coronavac e Pfizer, o que dar pro meu filho? A que estiver disponível. As duas vacinas protegem contra quadros graves de Covid e morte”.

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