A Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória dará início às suas atividades. Será oferecido, a partir de abril, seu primeiro curso, que terá quatro módulos temáticos, a serem realizados aos finais de semana. A iniciativa tem como público-alvo pessoas que já atuam com política ou estão envolvidas em ações transformadoras nas áreas pastorais da Arquidiocese. As inscrições podem ser feitas até 4 de março.
Os interessados devem procurar os representantes de cada pastoral, que serão os responsáveis por inscrever aqueles que pleiteiam a participação. As áreas pastorais são Vitória, Vila Velha, Cariacica/Viana, Serra/Fundão, Benevente e Serrana, abrangendo 90 paróquias, distribuídas em 15 municípios.
O objetivo do curso, segundo o coordenador executivo da Escola de Fé e Política, padre Vitor Noronha, é “formar pessoas para atuar na política à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, sendo sinal de um mundo novo de fraternidade”.
O primeiro módulo será entre os dias 1 e 3 de abril, com o tema “Bíblia e o Ensino Social da Igreja”. Os demais são “Estrutura Socioeconômica do Brasil e do Mundo”; “Estado e Democracia, História Política do Brasil e Conjuntura”; e “O Papel do Cristão no Mundo: Testemunhos e Frentes de Atuação”. As outras datas ainda serão divulgadas.
A proposta é que, além do curso, sejam realizados eventos, debates e confeccionadas cartilhas, como uma sobre a importância do voto. Em todas as atividades, serão abordadas questões como realidade brasileira, atuação política no âmbito da sociedade civil e do Estado, importância dos movimentos sociais e atuação em conselhos.
Maurício Abdalla explica que a criação de uma Escola de Fé e Política não é uma invenção capixaba, mas segue a direção da experiência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que fomenta o Centro de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep), com foco na formação de cristãos leigos. A iniciativa no Espírito Santo fará parte da rede de escolas das dioceses que se relacionam com a rede da Cefep.
O coordenador pedagógico já assessorou experiências similares pelo Brasil, que considera muito positivas no sentido de ajudar a retomar o papel social e político que a Igreja Católica cumpria, sobretudo na década de 1980, por meio das comunidades eclesiais de base. “Se trata de formar as pessoas para atuarem no mundo de forma crítica, evitando o fundamentalismo e o uso da Igreja para fortalecer o conservadorismo”, diz Abdalla.
“A formação crítica tem como consequência a atuação desses cristãos em movimentos sociais, uma atuação mais presente na sociedade, em diversas formas de fazer política, para impedir aqueles que querem manipulá-la para interesse próprio possam dominar esses espaços”, complementa o professor.
No entender do coordenador pedagógico do projeto, a Escola de Fé e Política reflete o espírito que o Papa Francisco vem manifestando para a Igreja Católica. “Não é um novo espírito, mas como um papa latino ele está recuperando características que a igreja teve na América Latina, de ser uma igreja popular, mais próxima da realidade do povo e da política”, afirma, lembrando como um dos marcos a Conferência do Episcopado em Medellín em 1968, no embalo do Concílio Vaticano II, em que se destacou o debate sobre o papel da Igreja Católica na transformação social da América Latina, traçando diretrizes de atuação.