Em visita ao local, Sindipetro/ES apontou “nítida falta de experiência” da empresa em lidar com emergências
Um “cenário assustador!” É como o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES) define a situação encontrada por dois diretores da entidade nesta quarta-feira (16), ao visitarem o local visivelmente afetado pelo vazamento de óleo na Base de Lagoa Parda, da empresa Imetame Energia, em Areal/Linhares, no norte do Estado, ocorrido na manhã dessa terça (15).
Os petroleiros denunciam que não foram colocadas barreiras de contenção, indicando a “nítida falta de experiência em lidar com acidentes” por parte da empresa, que comprou poços maduros terrestres da Petrobras em leilão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Trabalhadores sem máscara apropriada, equipamentos inadequados, usando galhos de árvores para recolher o óleo e equipe reduzida. É a prova que privatizar faz mal à população e ao meio ambiente”, disparam.
Em vídeo postado nas redes sociais, o diretor da secretaria de administração, Alex Rodrigo Pereira, pergunta “cadê o plano de emergência da Imetame?”, mostrando que, trabalhando no local, há apenas “dois caminhões sugando e vinte trabalhadores executando a limpeza”, mas que se os poços ainda fossem da Petrobras, “teria plano de emergência, vários recursos para resolver esse problema”.
O despreparo, afirma, é resultado de “quando a gente privatiza a qualquer custo, vende a preço de banana e o empresário só quer o lucro acima de tudo”.
O diretor da secretaria patrimonial do sindicato, Eduardo Perez Lacerda, alerta para a “falta de cuidado na operação e de cuidado na manutenção e remediação” na operação, em que, numa área enorme de alagados e córregos, “os trabalhadores [estão] sem estrutura nenhuma, sem máscara e empurrando o óleo com galhos de árvores”.
O Sindipetro também publicou vídeos do deputado federal Helder Salomão (PT), em que o parlamentar faz a defesa da Petrobras como “uma das empresas mais importantes do país, patrimônio público brasileiro e capixaba”, ressaltando também que o desastre que ocorre em Linhares é resultado da privatização predatória.
“É mais um exemplo de como a privataria é um perigo iminente para todos! Isso porque a Imetame é uma empresa que não possui qualquer experiência com a operação petrolífera (…) E é um perigo não apenas por desconsiderar direitos sociais e ambientais durante todo o processo de desmonte e privatização da Petrobras, mas porque muito da privataria atende a uma onda de empresas que não possuem qualquer experiência com a operação petrolífera, não estando preparadas, muito menos equipadas, para resolver questões como a que ocorreu nessa terça, em Linhares”, expõe a entidade.
“Quando a Petrobras decidiu começar as privatizações de seus campos terrestres no norte do Espírito Santo, os diretores do Sindipetro/ES alertaram o governador Renato Casagrande sobre o risco. Além da perda de arrecadação, também falamos sobre os riscos ambientais. Mesmo assim, o Governo do Espírito Santo atendeu às recomendações apresentadas pelo Sistema Findes [Federação das Indústrias do Estado] e deu o aval para a privatização dessas áreas, inclusive emprestando 80% do valor utilizado pela Imetame para comprar os ativos da Petrobras”, acusa.
Penalidades
Ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), responsável pelo licenciamento ambiental da atividade da Imetame dos poços comprados da Petrobras, Século Diário perguntou sobre as características do produto vazado, quais os possíveis cenários de contaminação ambiental que já podem ser descritos a partir das apurações feitas pelos analistas ambientais, bem como as penalidades que podem ser aplicadas.
Em nota, o órgão informou que continua com uma “equipe de fiscalização no local acompanhando o trabalho de remoção do óleo” e que instalou “barreiras de contenção para que o produto não se espalhe”. Disse ainda que, “apesar da chuva, que atrasou a remoção, o óleo não atingiu o curso hídrico”.