Anderson Muniz (foto) aponta que Gilvan “está incitando grupos raivosos” após tumulto sobre projeto do passaporte vacinal
O vereador da Serra Anderson Muniz (Podemos) vai protocolar na Polícia Civil, nesta quinta-feira (17), uma representação contra o vereador de Vitória Gilvan da Federal (Patriotas), que nessa quarta-feira ameaçou agredi-lo na sessão da Câmara do seu município, onde seria votado projeto de lei proibindo a exigência de passaporte vacinal para ter acesso a determinados locais. A sessão foi suspensa, em decorrência do tumulto, para evitar que Gilvan, com uma bandeira do Brasil nos ombros e dedo em riste, em atitude bastante agressiva, se aproximasse do vereador da Serra.
No mesmo dia, o Conselho Municipal de Saúde da Serra divulgou moção de repúdio assinado por sua presidente, Rosalda de Oliveira Cardoso, ao projeto que dispõe sobre a proibição do passaporte vacinal, em tramitação na Câmara e que seria votado nessa quarta. A nota recomenda que “os legisladores adotem medidas sanitárias coletivas de modo a proteger sua população, tais como o apoio à obrigatoriedade do Comprovante de Vacina atualizado (esquema vacinal completo) contra a Covid-19”.
O ato de Gilvan, que estava acompanhado do deputado estadual Capitão Assumção (Patriotas) e de outro vereador do interior do Estado, confirma denúncia do secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, que aponta uma estratégia coordenada por bolsonaristas, inclusive com “financiamento de assessores para ocupar câmaras de vereadores do Estado”, para impedir a adoção do passaporte vacinal.
As declarações do secretário foram feitas um dia depois da aprovação de projeto semelhante na Câmara de Vitória, no dia 14 deste mês, com as galerias lotadas de manifestantes contrários às vacinas e de deputados estaduais seguidores do presidente Jair Bolsonaro, com votos contrários de Camila Valadão (Psol), Karla Coser (PT), Aloísio Varejão (PSB) e Anderson Goggi (PTB). Na sessão, além de Assumção, estiveram presentes os deputados Torino Marques (PSL), Carlos Von (Avante) e Danilo Bahiense (PSL).
Na Serra, tudo começou quando Anderson pediu ao deputado Assumção, trajando, como sempre, uniforme militar, que colocasse a máscara de proteção sanitária para entrar no plenário, gerando reação de Gilvan da Federal. Os ânimos já estavam acirrados desde quando ficou conhecido que o projeto contra o passaporte não entraria na pauta do dia.
“O Gilvan começou a falar alto e também a incitar grupos de pessoas contrárias às vacinas, como faz na Câmara de Vitória, onde ele está acostumado a gritar com as vereadoras [Camila Valadão (Psol) e Karla Coser (PT]”, disse Anderson Muniz nesta quinta-feira. Para ele, a presença do vereador de Vitória e dos manifestantes foi uma forma de pressionar os parlamentares para que o projeto fosse votado.
“Ele está incitando grupos raivosos contra mim nas redes sociais. Já identifiquei algumas falas e vou à delegacia representar contra ele”, completou o vereador, que ainda estava avaliando com a assessoria quais medidas que poderiam ser tomadas pela Câmara, ressaltando que tem recebido “toda atenção e suporte do presidente da Casa”.
Para o vereador, Gilvan tentou impor sua vontade na Câmara da Serra. “Desrespeitou nosso Regimento Interno, que prevê o trâmite normal das matérias pelas devidas comissões. Mas aqui ele não se criou. Se está acostumado a gritar com mulher em Vitória, aqui na Serra ele não o fará”, asseverou Anderson Muniz.